Entrei no meu quarto de barriga cheia, esperando refastelar-me nos meus lençóis de solidão e perder-me na tv em cama de casal, ou talvez ler um bom livro, mas fiquei antes preso á ideia de um insecto.
Entrei descalço no quarto - como qualquer quarto de homem solteiro que só é limpo em visita de familia, mãe ou mulher-, eu fico sempre de olhos no chão, de forma a não ser surpreendido por um qualquer objecto que se cole ou espete aos meus pés desajeitadamente enormes.
Num saltitar vi um insecto no chão que parecia mosca.
A saltitar?
As moscas não saltam.
Aproximei-me para tirar as dúvidas, tinha aspecto de gafanhoto, mas do tamanho de um mosquito.
E saltitava.
Afrontei-me de nariz cada vez maior e olhos esbugalhados cheios de curiosidade. Tentei provocar um salto com um gesto subtil da mão.
O raio do bicho não saltou.
Fiquei chateado com o bicho.
O sacana enganou-me.
O sacana voa.
Se podes voar, porque saltitas?
Será universal também ao reino animal a estupidez humana?
Talvez se propague ao mundo animal como um virus, quando nos picam as veias e eles nos transmitam as doenças e nos a estupidez.
Porque ninguém está realmente bem aonde está!
Porque toda a gente só está realmente bem aonde não está.
Porque se voas queres saltitar porque voar cansa, mas saltitar para sempre retira-me a liberdade de viajar ao infinito. Então porque voar ao infinito se nunca acaba?
Porque não hà ninguem que queira ser mosca ou gafanhoto para todo o sempre?
Há! Mas so até o serem.
So existe um gafanhoto se ele tiver o seu real comodismo de em preguiça ser gafanhoto se não lhe apetece sonhar.
Porque quem sonha nunca está bem aonde está.
Certamente não vai estar melhor para onde for.
Mitghefüll
sexta-feira, 31 de julho de 2009
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2 comentários:
You might lose your chance (or the right time) 'cause you're just wandering around...
adorei vitor, simplesmente genial:) beijinhoss***
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