Pose em guarda perante a praça, cruza as pernas e ergue de uma mão um autoritário cigarro, por lá fica, horas a fio, semeando pelo ar caminhos expirados de fumo sentido, olhando o ar, vendo nos caminhos percorridos velhas histórias antigas, quem sabe imaginado, a viver o que sonha, cria a vida nova, sonha muito, horas a fio, sentada em guarda perante a praça.
Talvez lembre, talvez espere, da esguia forma ergue-se um subtil desagrado, talvez de tanto lembrar, talvez de tanto esperar, talvez de tanto sonhar.
A mulher não olha a praça, agora os seus olhos negros cobertos de sombra moram junto ao chão, olhando uma infinita pedra lá não presente, tão pesada tão pesada que a puxa cada vez mais para si, cada vez mais adentro, sempre ao fundo.
Lágrimas esborratam o negro, rios de escuridão trespassam a beleza e revelam da firmeza feminina uma criança, tão inocente de lábios contrários ao sentido feliz, bochechas inchadas já não são polidas são perdidas, inundadas.
Mulher esta, a não senhora, tão firme chora que se ergue uma criança, tão bela e sedutora era, embala agora a praça no seu pranto.
Talvez lembre, talvez espere, talvez sonhe.
Tão delicada senhora, mulher, menina e moça, tão sozinha tão comum, deixou de ser o belo, para a ser a pena, o triste choro que amarra o coração de quem vê.
Se lembra, espera ou sonha, sem consolo inunda a praça, não é mais aquela bonita, esse
oásis de mundo inteiro, só é delicada, uma criança que chora, que soluça.
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