sábado, 10 de outubro de 2009

Esquecer

Ao encontrar o velho caderno cheio de desabafos, sente-se um repulsar pelos sentimentos nostalgicos que nos trazem a memoria. Somos em nós mesmos um viver da humanidade que corta em pensamento o passado distante com uma névoa e velhas histórias em sonhos mal lembrados.
Contamos o passado recente se indolor.
Tomo como triste o viver do nosso ser (ainda ciente da minha humana hipocrisia) pois viver, viver, sentir, apreciar, amar, deliciar, gritar aos céus em desmaios de prazer...em que sentido?
Com que sentido? Para que direcção?
Qual o porquê de tudo isto se o sentir não é vectorial?
Ele não se move ou transporta num sentido....
Fica simplesmente ali, na sua infinitude de esquecimento, no seu ponto presente do sentimento sentido, que no agora é um nada sem nome.
Qual o quê de amar o quê?
De tudo sentir se no existir não há lembrar? Por mais que se tente, lembrar ou fotografar, os momentos ficarão para todo o sempre a tentar despertar o que sentimos.
E nós de passado inconsciente vivemos o presente até ao futuro sem consciencia do desprezo que damos ao amor que os velhos momentos têm para nos dar.

Qual o quê de viver assim?
De por tudo perder com tudo perdido em busca do nada e um todo vivido sem memórias lembradas?
Quero viver,
Quero lembrar,
Quero sentir em todo o tempo o que vivo para em todos os sempres ter comigo o verdadeiro valor do existir.

Não.
Não quero ser assim, ser feliz em felicidade sabendo que um dia o não vou ser.
Pior.
Pois de mim feliz não vou lembrar.