sábado, 26 de dezembro de 2009

Ausência do que temos

Como digo a mim mesmo que adormeci?
Se olho em roda a tudo o que ambicionava, revejo tudo o que tenho sem sentir falta.
Se sonhava com um grande caderno moleskine onde escrever...
Sonhava...
Mas devido às intempéries da vida tive que lhe dar um uso, hoje, o que é feito do meu sonho?
Há um ano e talvez mais meio de outro, sofria por uma cama seca e quente, sem grandes exigências sonhava por um copo de água e uma sopa de ranço quente, uma qualquer papa.
Hoje certifiquei-me de apagar a lareira afastando as brasas já dormentes, de pantufas e um pesado robe aterrei na minha cama aconchegada por lençóis frescos e limpos.

Vou sonhar o quê?
Vou sofrer pelo quê?
Alguém? Alguma razão?
Se nem se pensa de sofrimento, não há necessidade de um qualquer desespero por sentir...agora um nada?

Às vezes tenho vontade de enforcar minha felicidade, ficar a seus pés a chorar em todo o sempre sua ausência.

A vida é feita para quem não tem...
Os não sofredores vivem, para que, quem sonha viva para sonhar.

A vida, a própria, é nascida para ser a antítese da felicidade aquando feliz.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Caro moleskine

São muitos estes meus afazeres que me impedem de estar presente em tuas folhas.
Em vida feliz, não há presença da minha caneta para tua alma.
Quando vives tanto, não sentes a terra a rodar, não há guitarra ou pena que chame por ti.
Já nem o frio se encontra a sós comigo, ele decidiu dar-nos um tempo de afastamento, teve de ser, com tantos casacos e aquecedores disponíveis. Graças à sua ida fiquei doente, sinto a sua falta quando me afasto do calor, dando asas às doenças para me visitarem, ele mantinha tudo à distancia, excepto eu.

Todas as noites deixo a minha janela de estores abertos, enquanto vejo televisão antes de adormecer, deixo-lhe também um banco na varanda para se sentar a ver um qualquer canal comigo antes de adormecer.
E ele fica ali a olhar-me ausente do meu corpo que não treme, ausente pelo calor e sua vontade de me fazer sentir. Acompanha-me noite dentro até os primeiros raios do sol aquecerem minha casa e se evaporar.
Tenho saudades dele, tantas que já me dói o punho de tanto escrever, se só escrevi meia dúzia de linhas....

Amanhã se não estiver feliz, terei o maior prazer em estar doente e falar contigo de arrepios.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Consegues decidir morrer agora?

Hoje caí dentro de mim mesmo. Afoguei-me na minha própria loucura, e ninguém merece assistir a isto.
Com tanto por fora do que há, e eu perco-me no fundo deste poço aonde o labirinto me trouxe.
Hoje fecho os olhos e peço aos meus nervos que cessem, que de chorar com tanta raiva a mim fico morto.
Hoje morro na minha cama, talvez amanha acorde vivo, ou morto.
È uma necessidade.
Decido desaparecer, não é isso o culminar do pensamento?
Eu hoje decido morrer, e vou morrer na cama porque o decidi.
Porque minha presença inviolável destrói vidas a que me afeiçoam.
Porque minha lua oferecida não se pode oferecer mais.
Porque não existe mais do que sou.
Hoje atingi o limiar da minha loucura, e decido por consciente demencia ficar dentro de mim mesmo, onde não possa cancelar vidas.
Lavar bem as mãos e desinfectar.
Esterilizem-se , antes que meu toque crie dor.

Vou-me sem mais que saber.
Hoje decido ficar dentro de mim mesmo, talvez amanha consiga algo mais.
Hoje decido morrer.
Amanha logo se vê

Talvez um poço destes tenha mais poços...
Minha fossa querida e afeiçoada.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Felicidade

Ser feliz.
Lutamos por uma sensação de vida, buscamos nos outros o sentir de ser, o viver que em nós se transforma em nada querer, rejubilamos de lábios saciados, desejos realizados para uma vida de felicidade prolongada.
Despertamos de manhã com o soar da trovoada, vidraças molhadas e sorrimos a uma qualquer pessoa que passa por sermos felizes. Molhados, cheios de frio, trememos pelo amor e realizamos a vida por nós realizada, é um dia a dia completo, cheio, cumprido.
Iluminamos nós mesmos qualquer trovoada inconscientes do frio lá fora, atravessamos tempestades de aura radiante, deslizamos por entre a multidão cinzenta.
Vive-se.
Sente-se.
É um sorrir sincero, não forçamos a simpatia, dormimos tranquilamente sem pensamentos que nos perseguem, sentir, viver, sentir, não analisando a vida.
Decorre assim a vida, quando não feliz em busca do que é feliz.

Não tens saudades de ser triste?
De pensar, de discutir, sentir sufoco na tua loucura? Enveredar por labirintos, descobrindo esquina a esquina um pedaço de ti mesmo, criando mentalmente castelos de ideias, escrevendo rabiscos nos pensamentos sobre o fumo?
Não és feliz, mas tens todo o mundo perante ti! Todo o universo e a tua existência, vergam-se perante a tua mente que pedaço a pedaço disseca cada átomo no infinito.

Ser feliz no meio da multidão é só uma felicidade que atravessa sem se notar, todo o mundo é cinzento, e tu vives nele, feliz, ignorante se faça chuva ou faça sol, sentes sem notar, não reflectes sobre ti, ou a quem te é próximo.
A ignorância não é felicidade, mas sim a felicidade a ignorância?
A infelicidade a consciência do viver e querer, não consigo viver feliz acomodado sem sonhar.

Para a vida ser vida, tem de ter labirintos e sonhos distantes, porque é na dor que sentimos realmente conscientes do ser, o não pensar não é feliz, é adormecer.

Mas a dor, se doí, quem a quer?

Quem não quer viver para sempre sem a sua dor constante?
Passamos a vida a tentar libertar-nos do enorme peso, até que, de repente somos leves o suficiente para voar ao infinito... mas os sonhos?
Que sonhos vou ter se tenho o infinito?

Tenho saudades de ser infeliz, quero procurar a felicidade perdido em labirintos, aprendendo em mim mesmo minha loucura, tudo para ser feliz.
Quero ser infeliz e procurar a felicidade.

sábado, 28 de novembro de 2009

É um presente.

"As cartas caem, rodopiando no pano de lã. Depois umas mãos com anéis nos dedos, vêm apanha-las, arranhando o pano com as unhas. As mãos fazem manchas brancas no pano, têm um aspecto assoprado e poeirento. As cartas continuam a cair, as mãos vão e vêm. Que ocupação esta! Não parece um jogo, nem um rito, nem um hábito. Acho que eles fazem isto simplesmente para encher as horas vagas, mas o tempo é largo de mais, não se deixa encher. Tudo quanto mergulha nele amolece e dá de si. Por exemplo, este gesto da mão vermelha, que apanha as cartas a vacilar, é todo flacidez. Haveria que descosê-lo e transforma-lo. Madeleine dá à manivela do gramofone. Oxalá que não se tenha enganado, que não tenha posto, como no outro dia, a ária da Cavalleria Rusticana. Não! É isto, é: reconheço a música aos primeiros compassos. É um velho rag-time com estribilho cantado. Em 1917 ouvi os soldados americanos assobiá-lo, nas ruas de La Rochelle. Deve ser anterior à guerra. Mas a gravação é muito mais recente. Em todo o caso, é o disco mais velho da colecção, um disco Pathé para agulha de safira. Daqui a nada chega o estribilho: é dele sobretud que gosto, e da maneira abrupta como se lança para a frente, como arribas pelo mar. De momento é o Jazz que está a tocar; não há melodia, só notas, uma míriade de breves sacudidelas: não têm descanso, uma ordem inflexivel fá-las nascer e destrói-as, sem lhes deixar um momento para tomarem fôlego, para existirem por si. Elas correm apressam-se, dão-me, ao passarem de fugida, uma pancada seca, e voltam ao nada. Gostava de as apanhar, mas sei que, se chegasse a agarrar uma só, só me ficaria entre os dedos um som ordinário e sem vida. Tenho de aceitar que morram; essa morte, devo até querê-la: conheço poucas impressões mais ásperas e mais fortes. Começo a reanimar-me, a sentir-me feliz. Por enquanto, não é nada extraordinário, é uma felicidadezinha de Náusea: aparece no fundo da poça viçosa no fundo do nosso tempo - o tempo dos suspensórios cor de malva e dos assentos desencaixados -, é feita de instantes largos e moles que alastram pelas beiras como uma nódoa de gordura. Mal tinha nascido, já estava velha; parece-me que a conheço há vinte anos. Há ainda outra felicidade: fora de mim há aquela faixa de aço, a duração limitada da música que atravessa o nosso tempo de lado a lado, e o recusa, e o rasga com as suas pontas secas e agudas; hà um tempo diferente. «O senhor Randu joga as copas, tu deitas o às.»" (...) "Mais uns segundos, e a preta começará a cantar. Parece-me isso inevitável, tão forte é a necessidade desta música: nada pode interrompê-la, nada deste tempo em que o mundo se afundou; a música cessará por si própria, no momento preciso. Se gosto desta bela voz, é sobretudo por isso: Não é pelo seu volume, nem pela sua tristeza, é que ela é o acontecimento que tantas notas prepararam, de tão longe, morrendo para que ela nascesse. E, todavia, estou inquieto; bastaria tão pouca coisa para fazer parar o disco: uma peça que quebrasse, um capricho do primo Adolphe. Como é estranho, como é comovedor que esta insustentabilidade seja tão frágil! Nada pode interrompê-la e tudo pode quebra-la. Extinguiu-se o último acorde. No curto silêncio que segue sinto intensamente uma mudança, sinto que alguma coisa aconteceu. Silêncio.
Some of these days You'll miss me honey.

O que acaba de suceder é que a Náusea desapareceu."
(...)
"«Jogo!»
Uma voz, destaca-se dum rumor de fundo. É o meu vizinho que fala, o velho encarniçado. As bochechas dele põem uma mancha roxa no couro escuro do espaldar do assento. Atira dum rasgo uma carta para a mesa. A manilha de Ouros.
Mas o homem da cabeça de cão sorri. O parceiro vermelhaço, debruçado sobre a mesa, espia-o de revés, pronto para o ataque.
«Jogo!»
A mão do mais novo surge da sombra, plana um instante, branca, indolente, depois pica de súbito como um milhafre, com o polegar e o indicador, preme uma carta contra o pano. O gordo vermelhaço dá um salto:
«Merda! O gajo corta!»
O perfil do rei de copas aparece entre uns dedos crispados, depois põe-no na mesa de cabeça para baixo, e o jogo continua. Belo rei, que veio de tão longe, cuja saída foi preparada por tantas combinações, por tantos gestos extintos, Ei-lo que desaparece por sua vez, para que nasçam outras combinações e outros gestos, ataques, réplicas, vicissitudes da sorte, uma infinitude de pequenas aventuras.
Estou emocionado; sinto o meu corpo como uma máquina de precisão em descanso. Eu sim, tive verdadeiras aventuras. Não me lembro dos pormenores mas percebo o encadeamento rigoroso das circunstâncias. Atravessei os mares, deixei cidades ficar para trás, e subi os rios ou penetrei pelas florestas, e buscava sempre outras cidades. Possuí mulheres e joguei à pancada com homens, e nunca podia voltar atrás, como um disco não pode girar ao contrário. E tudo isso me levava aonde? A este minuto, a este asento, a esta bolha de claridade, sussurrante de música.
And when you leave-me.

Sim, eu que gostava tanto, em Roma, de me sentar à beira do Tibre; em Barcelona, à noite, de subir e descer muitas vezes as Ramblas; eu, que de perto de Angkor, no ilhéu do Baray de Prah-Kan, vi, à roda da capela dos Nagas, as raízes entrelaçadas duma figueira-da-índia, estou aqui, a viver o mesmo segundo que estes jogadores de manilha, a ouvir uma preta cantar, enquanto lá fora erra a noite indecisa.
O disco parou.
A noite entrou, melíflua, hesitante. Não se vê, mas está presente; turba a luz dos candeeiros. Respira-se no ar qualquer coisa de espesso; é ela. Está frio. Um dos jogadores empurra as cartas em desordem para outro que as emaça. Houve uma que ficou para trás. Não a verão? É o nove de copas. Alguém por fim a apanhou e a dá ao homem com cara de cão.
«Ah! É o nove de copas!»
Bom, vou-me embora. O velho violáceo curva-se sobre um papel a chupar na ponta dum lápis. Madeleine fita-o com um olhar claro e vazio. O mais novo, com o nove de copas na mão, vira-o e revira-o. Meu Deus!....
Levanto-me a custo; no espelho, por cima da cabeça do veterinário, vejo deslizar um rosto que não parece humano.
Daqui a pouco vou ao cinema." A Náusea - Jean Paul Sartre

Mitghefüll

sábado, 21 de novembro de 2009

Vaivém de sobriedade louca



Trata-se de um vaivém de mente desperta e mente submersa, talvez seja em demasia.

Se para mim me interrogo o quê de mim.

Dou por mim buscando nas paredes sem fumo, uma qualquer libertação da minha desperta e focada consciência, um sentido na busca do pensar.


Completamente perdido em sobriedade, (só melhora a caligrafia, ou talvez o diferente escorregar) vejo-me em plenitude no meu destino, acordado na complexidade do meu ser perdido em meta-físicas, a meta-física normal, a que nos leva à loucura, aquela que no tédio me assedia o pensamento com labírintos.


Preciso da minha meta-consciência, meu excesso de consciência que inunda o cérebro pressionando-me o cranio em todas as direcções com todos e quaisqueres dos meus estranhos pensamentos, cada um explodindo numa quase dor e sufoco.

Mente de oceano com pensamentos afogados nos seus excessos cada vez mais pesados, baforada a baforada, traz-me um suspiro de fumo, meu ser que deambula em sua alma por nuvens de cigarros...Perde-se!


Vem até mim querido maná, trás-me o teu fundo, acaba com todas estas merdas, mata-me a mente, minha consciência, ou qualquer uma de meta-merdas que me assolam, meu excesso de ser eu...

...

Trás-me o doce nêctar da pobre felicidade, torna-me feliz, elimina-me este viver, deita-me na cama envolto em àlcool, se de sóbrio ou em excesso de mim, não fico para pensar.


Se for para ficar, trás-me a felicidade, mata-me a mente, torna-me são, embebedas-me até ao fim dos meus dias, tudo o necessário, se for para viver pleno do não ser eu.

Acabas com a minha fortuna, minha loucura de labirintica sapiciciencia, queridos labirintos elucidativos sobre estes destinos, que abrem abismos de perguntas onde caimos por infinitas complexidades de nós mesmos.

Não me importa se não os frequento, se não penso.

Mesmo que um pobre feliz.

Peço a despedida ao guardião Minotauro.

Por fumo, àlcool, sobriedade ou demencia....Talvez não.

Mas estúpido serei.

Para feliz ficar.


Mitghefüll

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Sombra

Tenho ideia de estar morto hà algum tempo.
Que percebo estar por aí percebo,
sem olhar quem presente não larga o olhar.
Tenho noção de que morri hà não muito,
E de que sou relembrado sem muito.

Que destino se cruza por vida viva com frases mortas sem surdo ficar?
Pelos suspiros da morta língua, que amava, e hoje...
jaze esquecida.
Morri com vagar na viagem ao outrora de sacrificar o sentido.
Se morri morri.
Sem ideia de não me olhares
nos vivos olhos
que ficaram em tua vida.

sábado, 14 de novembro de 2009

Talentos Convidados - Sentir!



O que sentir quando já não se sente quase nada? Sinto que não sinto? Será que ainda estou realmente vivo? Em que pensar quando estou totalmente sozinho no meu quarto rodeado de todas aquelas coisas que o enchem mas que tão pouco me dizem? Será que sou eu que já não consigo ver qualquer luz? Ou estou realmente submerso na escuridão! Ainda há vida para mim? Estarei realmente vivo? Será que estou realmente vivo? Ainda sinto? Sim, eu sinto… Sinto dor! Sinto desespero! Sinto angústia! Sinto uma raiva enorme quando falo do meu passado. Quando recordo os momentos por mim vividos. Quando falo de ti! Sinto nojo quando me lembro de todas aquelas putas! Sinto medo quando me vejo perdido pelas ruas sem saber para onde ir. Acendo um cigarro, fumo um cigarro. Acendo outro cigarro, fumo outro cigarro. Sinto o fumo? Não. Sinto o calor? Não! Fumo outro cigarro. Nada! Sinto revolta por Deus me ter abandonado. Sentia saudades tuas. Sinto saudades de pintar, de sentir o pincel nas minhas mãos, de ver a cor dar tintas. Sinto saudades tuas. Sinto-me feliz por te conseguir ver. Sinto-me feliz por te ter. Sinto-me feliz por me sentir feliz. Por te sentir. Sinto paz. Sinto aconchego. Sinto que desabafo. Sinto que falo. Sinto que penso. Sinto que sinto. Sinto-me vivo!
Mas sinto-me cansado… Quero dormir, pra depois acordar. Pra depois realmente acordar! E depois de acordado o que será realmente real?! Será que quero acordar ou dormir para sempre? Não sei… Prometes-me que quando eu acordar ainda vais cá estar?

Durmo… O frio… Um cigarro… Dois cigarros… Dois maços… A rua… As arvores… As casas… A escuridão… A solidão…

Uma luz branca…

Acordo!

Henrique

Talentos Convidados - Como um sonho secreto

Chega o frio do inverno numa terra desabrigada por não possuir montes e vales altos o suficiente para que a gélida noite não nos queime o corpo...e a alma.

Aqui a noite guarda segredos como os que guardamos para nós por senti-los impossiveis, impensáveis ou mesmo impressionantes de tal forma que se tornam grandes, tão grandes que deixam de caber dentro do nosso pequeno ser! Então pensas 'solta-os, deixa-os sair para que te sintas mais leve, mais verdadeiro, menos mistreioso'. Assim se fez! Porque sim! E porque não?! Porque os pensas assim impossiveis ou impensáveis? Porque os vejo agora tão estupidamente impressionantes nas suas consequencias?

Quis apenas ajudar-te a soltar essa andorinha que veio na primavera, e que num inverno como este não conseguias soltar para deixá-la seguir o seu caminho. Conseguimos, todos juntos, que a libertasses...mas não que te esquecesses dela! Não se esquece uma andorinha que faz ninho na nossa janela...bem sei!

Deixo-me cair neste puff, branco como uma nuvem...essa nuvem que escondia o palácio encantado que me querias oferecer! Na tua voz construi o meu segredo em sonho.... antes disso não existia sonho e naquele momento deixou de ser meu o segredo.
Voamos juntos nessa nuvem, passeamos de mãos dadas nesse dia laranja de outono por entre muros e muralhas escondidas por musgo e heras verdes e humidas. Olhamo-nos nos olhos tão fundo que percebi...o segredo já não era meu! Estava entre nós dois e tu não o querias receber, era grande demais...tão grande como a distancia que nos separava, apesar de poder sentir-te tão perto sussurando ao meu ouvido 'boa noite' e deixando-me eu adormecer iluminada pela intensa luz do teu olhar!

O segredo ainda não voltou a mim, ainda o sinto entre nós...não sei até quando mas continuas teimosamente a segredar-me 'boa noite' e 'bons sonhos' sem aviso! Nesse momento posso sentir o espaço vazio que o segredo deixou no meu peito agora percorrido por este gélido vento de inverno!

Acendo o cigarro que não partilhamos e que aquece um pouco este corpo distante...

Devolve-me o meu segredo. Deixa-o voltar a mim, ou entrega-mo olhos nos olhos para que juntos possamos transformá-lo nesse sonho secreto!


Cinterela

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Ninguém está bem

"ninguém está bem com o que tem
porque ninguém quer nada
ninguém está bem com o que quer
porque ninguém tem nada"

Foge Foge Bandido

sábado, 7 de novembro de 2009

Não pensar



É um não pensar que se arrasta por entre gotas,
Um sentir sentido.
Fumado.
De tempo frio lá fora, a chuva percorre a vidraça em som de fundo, lembrando os sonhos ausentes.
Cá dentro em sofá refastelado, afundam-se os pensamentos no sentido perdido de emoções.
Candelabro e luzes, sofás velhos, e cinzeiros cheios.
O só estar por estar, ficar aqui sem pensar, libertando em fumo, cigarro atrás de cigarro
Um olhar à muito perdido.

Adormece-se descansando da vida, num rodopiar de ausente pensamento, a arrastar, o arrasto leva a metafísica arrastada, em dentes serrados rasga o consciente de ARRASTO e fica por aqui a pairar qual nuvem de... fumo sobre candelabro...
É um arrrrrrrrrrrrrrrrrrastar... que vai ficando...á leveza do sentimento que ocupa a memoria consciente, um sem meditar pensado ou ciente.
Fica o estar.
Fumando cigarro a cigarro...
Enquanto lá fora a vida passa, a chuva cai, e nós ficamos na ausência do viver,
Que é sentir.

Mitghefüll

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Equilibrio



Fizemos amor com o equilibrium do universo.

Sob a lua, realizámos a verdade da mentira subjugada,
Noite por noite, tarde por tarde, entre acordes desenvolvidos e abafos sentados.
Criando assim no escuro o sentir em equilíbrio, o viver sem descair, sem pisar ou desadormecer.
Cama a cama, zona povoada.
"arrancamos o que resta do papel de parede
vamo-lo rasgando bocado a bocado"
Sorrindo.
Vi o sorriso do equilíbrio!
Brindemos com prazer o amor de fazer o sentir de ter
Equilibrio.
Ar pesado de pensamentos toldados, colchas sujas partilhadas na luz de candeeiro amarelo.
Ao cigarro partilhado, noite pesada de acordes à calçada.
É tudo um equilíbrio sobre o qual fizemos amor sem saber,
sem viver a reparar, agora se se sente não sabemos porquê.
Se o não pensar é um sentido não consciente.
Simplesmente sentimos.

E que bom é fazer as pazes com o equilíbrio da musica.

"dançamos a nossa valsa tão desengonçada....
embebedamo-nos de saliva até irmos ao tapete...
já são oito nove dez...
e estamos fora de combate"

Pós Noite-Jazz @ Celeiros

by: Mitghefüll

sábado, 10 de outubro de 2009

Esquecer

Ao encontrar o velho caderno cheio de desabafos, sente-se um repulsar pelos sentimentos nostalgicos que nos trazem a memoria. Somos em nós mesmos um viver da humanidade que corta em pensamento o passado distante com uma névoa e velhas histórias em sonhos mal lembrados.
Contamos o passado recente se indolor.
Tomo como triste o viver do nosso ser (ainda ciente da minha humana hipocrisia) pois viver, viver, sentir, apreciar, amar, deliciar, gritar aos céus em desmaios de prazer...em que sentido?
Com que sentido? Para que direcção?
Qual o porquê de tudo isto se o sentir não é vectorial?
Ele não se move ou transporta num sentido....
Fica simplesmente ali, na sua infinitude de esquecimento, no seu ponto presente do sentimento sentido, que no agora é um nada sem nome.
Qual o quê de amar o quê?
De tudo sentir se no existir não há lembrar? Por mais que se tente, lembrar ou fotografar, os momentos ficarão para todo o sempre a tentar despertar o que sentimos.
E nós de passado inconsciente vivemos o presente até ao futuro sem consciencia do desprezo que damos ao amor que os velhos momentos têm para nos dar.

Qual o quê de viver assim?
De por tudo perder com tudo perdido em busca do nada e um todo vivido sem memórias lembradas?
Quero viver,
Quero lembrar,
Quero sentir em todo o tempo o que vivo para em todos os sempres ter comigo o verdadeiro valor do existir.

Não.
Não quero ser assim, ser feliz em felicidade sabendo que um dia o não vou ser.
Pior.
Pois de mim feliz não vou lembrar.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Blind







If I could tear you from the ceiling,
And guarantee a source divine,
Rid you off possessions fleeting,
Remain your funny valentine.

Don't go and leave me,
And please don't drive me blind,
Don't go and leave me,
And please don't drive me blind.

If I could tear you from the ceiling,
I know the best have tried,
I'd fill your every breath with meaning,
And find a place we both could hide.

Don't go and leave me,
And please don't drive me blind,
Don't go and leave me,
And please don't drive me blind.

You don't believe me, but you do this every time,
Please don't drive me blind.
Please don't drive me blind..

I know we're broken,
I know we're broken,
I know we're broken.

If I could tear you from the ceiling,
I'd freeze us both in time,
Find a brand new way of seeing..
Your eyes forever glued to mine.

Don't go and leave me,
And please don't drive me blind,
Don't go and leave me,
And please don't drive me blind.
Don't go and leave me,
And please don't drive me blind,
Don't go and leave me,
And please don't drive me blind.

I know I broke it,
I know I broke it,
I know I broke it,
I know I broke it.






(Uma salva de palmas para Placebo)



By: X.Y.U

segunda-feira, 24 de agosto de 2009



Tenho a certeza de que tinha algo, Hoje, a dizer.
Vão-se, com a tristeza em prantos de esquecimento, as memórias de um silencio à muito perdido.
Ficou a presença de um nada sempre esquecido sem ilhas de felicidade, agora naufragadas.
Sem a esperança para todo para todo o sempre de serem descobertas....
Quanto mais lembradas!

Sem memória de mim.
Resguardo o tempo da vida que se força a esquecer de si mesmo.
De olhos pesados e corpo cansado amanso o passado para de sono ao de leve lembrado, ir comigo aos tempos do tempo vivido.

Já não sei se me esqueci
se tinha algo
Hoje
a dizer.

Mitghefüll

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Voltar, Voltar a viajar

"It's a funny thing about comin' home. Looks the same, smells the same, feels the same. You'll realize what's changed is you."
The Curious Case of Benjamin Button.



É estranho voltar a casa depois de tudo o que se passou, é estranho acordar ao meio dia para almoçar com a boca a saber a papel, é tudo igual ao que era quando tinha 5 ou 10 anos... Mas diferente...

Aonde ja estive, aonde ja estivemos... Tudo funcionava numa monotonia estranha, onde qualquer um dos monótonos crepúsculos eram diferentes uns dos outros, onde o cansaço não tinha o cheiro impregnado do tédio. O frio sabe a frio, o calor sabe a calor, mas ao voltar tudo sabe ao indesejável, ao desconfortável, o descanso mata o pensamento e tolda-nos a divagação para noites perdidas de insónia... No outro mundo lá fora dormíamos mal e mal acompanhados, mas mesmo assim descansávamos mais numa hora do que uma semana em lençóis caseiros.

Tenta escrever aqui sentado no teu sofá, verás facilmente a diferença que um banco desconfortavel do autocarro, comboio ou praia te irá dar uma fluidez mental sobre a tua vida e o destino. O Destino precisa de fluir para lhe tocares e aprenderes o seu pensar... o teu.

Voltar a casa por um breve desejo de reencontrar o passado, breve, não mais que o tempo de uma mala desfeita e feita, não mais que um banho e um beijo a família e conhecidos. Temos que voltar a partir para os desconhecidos e nada familiares paragens. Antes que as recordações perdidas nas gavetas se percam no pó e nós nos misturemos com elas.

Regressar a casa ao local que nos viu nascer e não conseguir ser o mesmo de quando partimos...


Ver uma incrível beleza, num local tão simples.



Conseguir Captar Aquilo que realmente estamos a ver.
Tirar fotos a estranhos de situações estranhas =)

Ver uma paisagem sempre desdenhada, mas...


Fugir da lua oferecida...

Um recordar ao sofrimento...

A chegada esperada do descanso a uma directa.


Voltar a casa nunca é o mesmo depois de partir.
Prefiro viajar até não ter mais forças para me separar do pó das recordações
Viajar, passear, perder-me, conhecer-me.
Conhecer-te.
E ficar aqui no passado quando já não tiver mais forças para criar o futuro.
Até-la... tenho horror aos escapes da minha memória.
Entretanto vou vivendo o máximo para que,
o quer que seja de que me lembre, será fenomenal.

Vitor Marques

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Frase.





Eu não sou o homem errado !

x.y.u

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Entrei no meu quarto de barriga cheia, esperando refastelar-me nos meus lençóis de solidão e perder-me na tv em cama de casal, ou talvez ler um bom livro, mas fiquei antes preso á ideia de um insecto.

Entrei descalço no quarto - como qualquer quarto de homem solteiro que só é limpo em visita de familia, mãe ou mulher-, eu fico sempre de olhos no chão, de forma a não ser surpreendido por um qualquer objecto que se cole ou espete aos meus pés desajeitadamente enormes.

Num saltitar vi um insecto no chão que parecia mosca.
A saltitar?
As moscas não saltam.
Aproximei-me para tirar as dúvidas, tinha aspecto de gafanhoto, mas do tamanho de um mosquito.
E saltitava.
Afrontei-me de nariz cada vez maior e olhos esbugalhados cheios de curiosidade. Tentei provocar um salto com um gesto subtil da mão.
O raio do bicho não saltou.
Fiquei chateado com o bicho.
O sacana enganou-me.
O sacana voa.
Se podes voar, porque saltitas?
Será universal também ao reino animal a estupidez humana?
Talvez se propague ao mundo animal como um virus, quando nos picam as veias e eles nos transmitam as doenças e nos a estupidez.
Porque ninguém está realmente bem aonde está!
Porque toda a gente só está realmente bem aonde não está.
Porque se voas queres saltitar porque voar cansa, mas saltitar para sempre retira-me a liberdade de viajar ao infinito. Então porque voar ao infinito se nunca acaba?
Porque não hà ninguem que queira ser mosca ou gafanhoto para todo o sempre?
Há! Mas so até o serem.

So existe um gafanhoto se ele tiver o seu real comodismo de em preguiça ser gafanhoto se não lhe apetece sonhar.

Porque quem sonha nunca está bem aonde está.
Certamente não vai estar melhor para onde for.

Mitghefüll

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Cem titulos

Por volta das cinco e meia da manhã, ao nosso fundo lado direito, por detrás da estação de comboios, por detrás de uma cidade desconhecida... estava o nascente de um sol frio ainda por amadurecer. O vento empurrava-nos os corpos cansados, escondia os cantos, perdidos por aconchegos ficámos sem refugio para adormecer.

Era um céu laranja, namorava o vermelho, o quente e o frio azul da noite passada, despertava o claro da noite a pouco e pouco. Enquanto todos os outros se abrigavam e dormitavam de estoiro, eu fui la fora e acendi um cigarro, encostei-me á coluna da estação inteirando em mim todo o fumo ao peito, relembrando-me o porquê de deixar de fumar, aconcheguei-me aos sons industriais, a vontade miudinha das máquinas por viajar, olhei os cabos pendentes que sobreviam os comboios e virei-me a um amigo suspirando:
- Um dia quando morrer vou me agarrar a um cabo daqueles e morrer electrificado. Já pensaste? Morrer em chamas...sentir todo aquele poder a atravessar-me o espírito.
- Vais-te sentir a morrer por dentro, queimado por dentro.
- Oh não digas isso, será brutal morrer como quem sente cada nervo seu a remexer em energia.
- Não sejas parvo.

E ele continuou ali sem se preocupar minimamente com o que disse, porque até é normal as nossas conversas atingirem este fundo sobrefundo e que vai ao mais além das normais conversas supérfulas.

- Não sejas tu parvo, não percebes o porquê de eu não me importar, talvez, em morrer a qualquer hora? Pensa não pelo que tu pensas de ti ao que passaste, deixa um pouco os teus sonhos e pensa agora por mim. Ao sentido da vida que é a felicidade, o meu sentido da vida ja o foi, a felicidade não é eterna, ela termina quando se prevê sentir o eterno e de repente nos esquecemos qual o seu quê de sermos felizes. Eu já fui feliz, muito mesmo, ao mais extremo, mas se a felicidade não é eterna qual o porquê de viver uma vida também ela não terna para quem quer a eterna felicidade?

Viste a paisagem que atravessámos à pouco de taxi? Eu sempre desdenhei o Porto, me desprendia desta cidade como uma cidade suja, feia, e desordenada pelo linguajar torto dos seus peões. Mas não te apaixonas-te por aquela paisagem? Uma cidade que parecia um gigante adormecido reflectindo na água quente as luzes amarelas que a cercavam.

Revi uma paisagem fantástica, mas não passou só disso, uma só paisagem, uma nova, que eu vi, revi e me apaixonei, soube que de entre em pouco a esqueceria. Fico triste quando sou feliz, porque de repente me apercebo que toda esta beleza ficará esquecida, se não consigo manter a beleza e felicidade comigo...Porque tenho que viver com a constante ausência do belo?
Ja vi... paisagens de cortar a respiração, ja senti na pele desejos queridos aos deuses, ja percorri meia terra em bolhas de pés ensanguentados, se de tudo senti e cada coisa mais bela que a outra me deixa assim, desapaixonado e sozinho com a constante ausência do todo.

Porque me ei de ficar em mim?

Talvez por não estar apaixonado.
As sensações aos apaixonados são reveladoras de todo o mundo, para eles toda a verdadeira felicidade é apoiada de um sorriso e sincero olhar sentido. Estar apaixonado e ver alguém como nós é um presente que sentimos na alma a brilhar.

Mas se fores feliz, não apaixonado mas feliz, se tal for possivel, se não apaixonado, cômodo na tua felicidade, toda a paixão te parece banal, como qualquer uma que tenhas tido, como se estar apaixonado não fosse verdadeiro agora que se é estavel em verdade de ser e estar feliz. Tudo o resto é simples... tanto o sofrimento como o viver de paz com a felicidade.

Aos outros dois tipos existe o pior, que é o de infelicidade a viver para sempre, tenta lembrar-te da tua pior fossa, da tua pior piedade de ti mesmo, quando o mundo te caía aos pés e de choro gritavas a impossibilidade de ser infeliz por algo tão simples como o olhar de um outro alguém. A sensação de vazio que te percorre a garganta quando o coração palpita em desamor pelo amor perdido que revês de forma simples a passear no passeio á tua frente. Tenta explicar a alguém feliz o quão dificil é ser infeliz. Tenta perceber apaixonado como o amor aos olhos dos desapaixonados não é bonito. Tenta ouvir quando amas, que o teu alguem já não te ama, percebe agora que o amor não correspondido já não é bonito a entregar correspondencia.

Se vives num mundo tao destrutivo ás sensações humanas, e de todas elas já as experimentaste todas... Se aceitas larga-las por de tão conhecedor dos seus prazeres estares, qual é o mal de perder o sentido dito da vida?
Se a vida é tua e dela podes escolher o dito destino sentido?

Se não há sentido...a dar-lhe...

Se satisfeito de sonhos pretendidos e feitos...
Percebes a minha indiferença agora ao destino?

- Então porque não te matas de uma vez só?

...
...

- Porque estou á espera de ser surpreendido pelo destino.

Acedi mais um Lucky Strike e olhei o despertar de laranja cada vez mais enamorado pela clara cor azul de um novo dia, empurrado pelo forte jorrar do frio matinal arrepiei-me... Senti-me no frio a viver, porque ao meu frio relembrei-me do meu contrario a morrer. Senti-me, no frio...

Na minha frieza...uma dor tão simples... Relembrei-me que o frio apaga-me os pensamentos.

Talvez por isso não vejas meus sorrisos longos, porque penso que um dia vão acabar.

Talvez um dia eu fique sem pensar... num belo dia de verão cheio de frio e vento, aquecido pelo seu calor, feliz em paradoxo sem pensar por ser feliz.


N.A.
Como já alguem disse, «Eu nem sempre estou de acordo com o que digo»...neste caso com o que escrevo.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Parte I

Invejo nesta terra a calma com que é contemplada

O verdadeiro estado de

pacificação do ser,

de todo o exterior (o seu)

Mas,

A Horizonte surge, com malícia, o sol

Que despindo-se da sua inocência,

sobE, soBE, sOBE, SOBE…

e aquece!

Reconforta-nos com o seu

calor..

estendendo seus braços a todos,

sem que um único que seja,

fique sem

Calor…

Eu, igualmente em seus braços,

É lá que me encontro..

reconfortado

na ideia vaga de um calor que,

não tarda..

arrefecerá!



by: X.Y.U

quarta-feira, 8 de julho de 2009

De que vale um olhar?

Se uma imagem vale mil palavras.
De que vale um olhar?
É um perder no infinito, procurar pela esguelha esse canto da alma de alguém.
Tem maus olhádos, tem a raiva, tem a tristeza e mente ausente.
Um olhar tem o temer.
Mas mais que vale um milhão de imagens, o olhar vale o que a alma esconde.

Tenta procurar o destino de alguém pelas estrelas ou baratos adivinhos.

Agora olha-me nos olhos e eu te direi quem és, diz-me tu quem sou...

Mas...

Se vendes a imagem tão barata.

Por palavras, como se explica o verdadeiro brilho nos olhos de alguém.
Não ao clichê...Mas ao sentir...

Se...Corta os pensamentos.
Corta as ideias.
Corta a respiração.
Corta-me a pulsação.
E ficamos ali.
Mortos. Sem infinitas imagens ou palavras para explicar o sentir.
O brilho de um olhar.

Mitghefüll

terça-feira, 7 de julho de 2009

Presente!

"..Não
faz mal, abracem-me
os teus olhos
de extremo a extremo azuis
vai ser assim durante muito tempo
decorrerão muitos séculos antes de nós
mas não te importes
não te importes
muito
nós só temos a ver
com o presente
perfeito..."
Autor; Mário Cesariny


Postado por: X.Y.U


sexta-feira, 12 de junho de 2009

Agora se nao te importas, vou hibernar



Talvez ao contrário de tudo o resto.

Mas chega o sol e sinto a necessidade de me retrair, levemente para as sombras, onde o sol não destrua o meu despertar. Retira a necessidade de sentir, de saborear o verdadeiro prazer.

Que venha a chuva, fria e limpa que acompanha as minhas mágoas, que se vá o calor, e me atormenta as noites de consciencia excessiva.

Num verão pesado onde só os frios do dia são apreciados, resta-me esconder... e tentar olhar o vento que se aproxima...

Ao frio...
A respiração dança diante de mim perante cada expiração...
O tremer para me viver...
Tudo me lembra que estou vivo no frio...


Cidades de calçadas molhadas.
As luzes amarelas da cidade.
O quente numa fria noite de outono.
O calor da companhia, a partilha de uma duzia de castanhas...


Lá fora neva..
Lá fora faz chuva...
Olho a janela e vejo do alto do nosso palácio um nevoeiro cerrado.

Porque tem que existir uma vida sem futuro previsto.
Hiberno esperando o verão passar.

O frio relembra-me que estou vivo.

O sufoco deste calor mata-me a mente...

"É facil amar
E ser amado
É só ter jeito para falar o que é melhor de ouvir
Mas o calor que é tudo o que é bom
Só acontece quando nada é claro
"*

O calor que é tudo o que é bom...
esse sente-se no frio.

E agora se me permites...
Enquanto vives...
Vou dormitar...

Mitghefüll

*Ornatos Violeta : 1Beijo = 1000

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Palavra única.

Fonte: http://fugaslusas.wordpress.com

Nem sempre é verdadeira....

E eu digo...

Ponto!



by: XYU





terça-feira, 12 de maio de 2009

Vejam só o que Acontece....

Eu digo...

felizmente

que há gente a fazer bons textos...

http://itakestwototango.blogspot.com/ - Texto: Acontece

O mais engraçado é que "Acontece" mesmo...

( Parabéns pelo magnifico texto...)

by: X.Y.U

terça-feira, 5 de maio de 2009

?


Em constante desequilíbrio...

( eis, muitos dos seres humanos...)

X.Y.U

quarta-feira, 29 de abril de 2009

A minha Andorinha-do-beiral

Gostava de fazer hábito de isto.
Ir no principio das primaveras, poisar-me à janela, debruçado sobre a praça da fonte e enamorar-me pelas andorinhas.
Minhas Vizinhas nas beiras.
Largava a cabeça e queixo, caidos sobre os braços cruzados no parapeito, seguia fixo de olhos ora virados ora revirados, os laços avoádos das vizinhas do beiral.
Procurava a minha andorinha favorita, ano após ano, eu a tentava conhecer. Alguma andorinha assim como eu, que vivesse o mundo para fora das janelas. Mas todos os anos via e revia casais e ninhos repletos de novos vizinhos. Assim eu ia ficando cada vez mais sozinho.

Na Primavera mais bonita de todas, estava eu no frio matinal assomado num rasgo de sol em banho de calor, esperando o que nunca vinha.
Mas melhor que o sol, veio uma nova vizinha. Esta sem par enrolava nós apertados de voltas avoádas com láços mirabolantes.
Logo após beber água em vôo rasante, veio poisar na seca e estalada tinta do meu parapeito. Olhou para mim. Piou-me um bom dia bem piado...

Perguntei-lhe porque vinha sozinha e porque voava assim, tão picadamente apertada, tão além dos pequenos rasantezitos vôos das outras andorinhas.
Ela respondeu-me que era mesmo por estar sozinha, porque assim se desdobrava em vôos e viagens infinitas sem medo de se perder, assim sem arrastar ninguém ia a pouco e pouco, fazendo-se de perdida e achada conhecedora do velho desconhecido.

E assim não se importava de estar, disse-me ela entre conversas, anoitadas, prolongadas pelo ressonar piado das outras vizinhas.

Não se importava...Talvez?...Talvez ás vezes.

Fui dar com ela ainda na manhãzinha fria, enrolada nas suas asas, tremida, batendo o bico de frio.
Resgatei-a para o meu conforto de lar e surripei-lhe um raspanete por estar ali naquelas hora sem ninho.
Em piado se desculpava, porque ninhos não eram para ela, são só para quem de família é, será, ou quer ser.

Combinados então. Tratámos um acordo que lhe garantia de forma solene o meu conforto todas as épocas aquando-me visitasse.
Sendo assim, assim foi, todos os anos, me enamorava pelas suas acrobacias e danças voadoras...nos dias. Nas noites apaixonava-me nas suas histórias longinquas em viagem, em aventuras e epicas desventuras por terras tropicais, desertos, montanhas e oceanos infinitos por atravessar.

Era uma andorinha diferente, porque viaja mais, voava mais, e sentia mais.
Nós dois nos apaixonámos por conversas e sentimentos trocados.

Entretanto confessámos, eu por ela tinha uma saudade em demasiada ausência de suas viagens e histórias. Ela por minha sinceridade me confessou que por minha falta sofria cada bater de asas por mais longe de mim que estava.

Foi ficando comigo durante o resto do ano, foi vendo as outras andorinhas vizinhas sairem e voltarem, por vezes passeava na praça e dava a volta à cidade em vôos cada vez de minutos mais longos.
Eu de saudade apertada, sem ar, sofrendo o medo de me deixar para longe e não voltar, durante a noite...
"cortei-lhe as asas para não voar"...

.
.
.

E comigo ficou.
Olhando as primaveras a chegar.
Olhando-me de vazio.
Olhando as vizinhas a aninhar.
Todos os dias eu a levava em passeio na nossa vistosa praça, para ela picar a água em goles de vôos em lembrança.
Mas a vontade ia saindo.
Ela não me dizia para não magoar.
A minha amada andorinha queria voar.
Foi perdendo a força. Foi levando a vontade. Foi perdendo o olhar. Foi ficando sem cor.

Num dia ao acordar na nossa cama vazia, fria, em corrente de ar, debrucei-me na minha velha janela e encontrei, lá bem no fundo do chão a minha amada.

Morta em chão estatelada.

Sentia falta das suas viagens, Sentia falta de histórias para me contar.
Queria se perder para se encontrar no perdido desconhecido.

Agora só fico debruçado ao chão, ignorando as estações das vizinhas, mas fico só admirando o brilhar do sol na pedra da calçada com o teu preto azul brilhante, onde ficas-te.

Nunca se corta a vontade nas asas de quem já foi longe e queria ir muito, muito, muito mais além.

Mitghefüll

Until we bleed

"And if Cupid's got a gun, then he's shooting"







By: X.Y.U

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Infelizmente amar



Se neste mundo corrente, Nós sem amor para ter, porque o escrevemos tanto? Se sem coragem nossa para o ter ou apreciar, não o deixamos de querer cantar?
Ainda que nos destrua em pó sem piedade ou busca de dó, deixamo-lo entrar conscientes da nossa loucura por temer.
Aqui de peito aberto, olhando-te nos olhos que te amo, com todo o tremer do meu coração sobre nervos e cabelos.
Eu dou-te o meu perdão se quiseres disparar.
Puxa a culatra atrás e dispara, aponta ao coração que te ama.

É isso que é o amor.
Se te confio, te respiro e ofereço-me.
Porque não disparas e deixas o toque do percurtor acionar o fogo e trazer o projectil até mim?
Não te esqueças depois, quando acabares de disparar ao meu morto peito aberto, largar a arma e de costas viradas inspirar o belo perfume do meu sofrimento largado pelo cheiro da pólvora, queimada para mim e minha carne de coração trespassado.

Não é isto o amor?

Agora desacredito.
Como em tempos acreditei na vida?

O amor é todo ele mau.
Logo após o sentir, não o respirarás nunca perante inferiores tristes e modestos sentimentos que outrora te fizeram vibrar e arder por essas respirações sublimes.
Porque nada a partir de agora me move como o palpitar do meu coração em amor.


por:Mitghefüll

sábado, 18 de abril de 2009

As coisas não duram para sempre

Comprei uma maquina de café, que não é azul bébé.
Comprei para a minha mãe, porque ela adora fazer cuppocinos ao meu pai, mas fica frustrada por os fazer mal feitos, toda a maquina funciona, pena é não funcionar a peça de fazer a espuma, bebi descafeinados espectaculares que são optimos para beber depois de jantar na noite de véspera do trabalho.
A puta da maquina de espuma foi-se logo ao primeiro toque, puff...

Entretanto hoje cheguei do trabalho e fui directo á loja onde comprei a maquina, ciente de comprar um livro para mim, e até me lembrei de a minha mãe dizer em suspiros que adorava ter uma maquina de fazer pão para de manhãzinha ter um pãozinho ali todo espectacular para ela, então la fui, fui comprar uma maquina de fazer pão.

Comprei três farinhas diferentes, Rustico, Vitalis, Caseiro... Comprei frizes de groselha, comprei um livro sobre viajar com pouco dinheiro, e claro comprei a maquina de fazer pão.
Fui simpatico para todas as empregadas. Desejei um bom resto de trabalho a todas, que é sempre retribuido por um espectacular sorriso optimista.

E venho agora a pensar sobre tudo isso e como eu sozinho ás vezes gosto de andar...
Sozinho... Pensando, esturrando dinheiro e falando com estranhos.
Venho a pensar na imensidão de chuva que cái e não deixa ver um boi á frente, como os limpa vidros limpam o meu vidro uns bons milhares de vezes so nesta viagem, eu ligo a velocidade para o máximo e eles não se cansam... O motorzinho que faz aquilo mexer não se estraga nas centanas de vezes que nesta viagem trabalha... Tal como os nossos joelhos deviam ter um limite de dobragens, os meus sofreram milhares com muito peso e agora desatam a ganir quando me mostro forte a subir escadas sem aviso prévio.

E os limpa vidros não vão á vida.

Acendo um Lucky Strike, meu fumo predilecto, não muito forte, nem muito leve, e subitamente oiço um grito de riso a anunciar uma das minhas musicas preferidas que outrora partilhada por acaso com alguem especial num momento outrora especial onde eramos perfeitos imperfeitos perfeitamente alinhados no nosso tempo de infancia adolescente.

Os Gorilaz por fortes batidas começam a cantar e eu relembro o belo do bife de novilho que comprei e vou comer agora, a dar fortes baforadas de um belo lucky canto com eles Feel Good Inc.

Estou mesmo contente por oferecer uma maquina de pão á minha mãe, pois eu além de café também vou ter um pãozinho espectacular em casa... Para ler e beber café agora é tudo muito bom estar em casa...
E os limpa vidros em velocidade maxima não se cansam... vão limpando tudo e não partiram.
Se nada dura para sempre, os limpa vidros não se fartam?
É que tambem eu me farto de mim mesmo, como todos nos fartamos uns dos outros, tal como nos fartamos por vezes dos nossos pais ainda que sejam as pessoas a quem amamos mais no mundo. Também os amantes desconhecedores de tal verdade se amam demais e tambem eles se fartam um do outro por vezes, mas não o sabem.
Se nada dura para sempre fico curioso como é que os limpa vidros desde os milhares de kilometros que fiz ainda não deram o berro?
Faço uma curva na minha velocidade espectacular no meu carrinho muitas vezes catalogado pelo meu pai como "caixão voador" porque era o que lhes chamavam antigamente... carros leves e que andam depressa. Faço a curva na chuva até apanhar um pequeno lago no meio do alcatrão e o carro começa a derrapar...

Sei la ás vezes gosto de estar sozinho á espera de nada a fazer as minhas coisas a observar os estranhos... Estava na fila para pagar a minha maquina de pão e estava a espera de pagar, entretanto um casal aparece atras de mim e na hora da conta ele diz-me que ele é que estava á frente. Eu com a minha enorme paciencia de sozinho, reclamei num tom muito suave,e alegre "Tabém!", a namorada irritada com esta minha leve cedencia como se nada tivesse passado sentiu-se culpada pelo terrivel namorado e tentou-me arranjar uma caixa, onde houvesse multibanco, para la fui e demorei mais tempo... a menina disse que ia demorar... e eu disse muito reclamado..."tabem" suavemente, sem problema algum, eles la se foram embora e a namorada olhava para tras de forma culpada e irritada pelo namorado, amante adorado, mais que tudo, mas pedia desculpa, e eu não me importei, porque não tinha pressa... Estava ali todo contente divertindo-me sozinho sem pressa alguma a olhar tudo e todos.

O carro bateu numa daquelas luzinhas pequenas que vemos porradas de vezes na estrada de 40 a 40metros... Capotou, e com a inercia bati com os cornos no vidro do lado esquerdo que me abriu a cabeça toda, senti o sangue a jorrar e o carro ás cambalhotas... numa das voltas deu mais uma volta e senti no impacto o pescoço a partir cada nervo miudinho da minha espinha, a pouco e pouco senti a musica ainda a tocar muito devagar e como era bom aprecia-la assim.
Fiquei triste porque o cigarro me saiu da boca, mas o fumo ainda o mantinha... Senti me a morrer aos poucos, senti o coração a parar e o mundo a ficar mais devagar.
Fiquei contente por fumar o meu cigarro numa musica favorita, morri a chover ali sozinho lembrando-me de tudo e todos por onde passei.
Todo contente por não ter nada a perder.

Curiosamente nunca me fartei do meu cigarro aceso com calma, meu lucky strike não muito forte não muito leve, com um leve toque a tabaco torrado...
É tão bom...

O meu gosto de cigarro ainda dura para sempre.

Vitor Marques

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Minha confissão a Lúcio

"Pelo caminho, ao atravessarmos não sei que praça, chegaram-nos ao ouvido os sons de um violino de cego, estropiando uma linda ária. E Ricardo comentou:
- Ouve esta musica? É a expressão da minha vida: Uma partitura admirável, estragada por um horrivel, por um infame executante..."

Mário de Sá-Carneiro

Confissão de Lúcio

Mitghefüll

quarta-feira, 8 de abril de 2009





" Paralyze me, with your kiss

Wipe those dirty hands, on me
Maybe we're looking for the same thing
Maybe you're the one who will complete me "
- Bloc Party



por: X.Y.U

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sou parte de ti,


Não sou mais a luz… (Visto-me de negro!)

Não sou, nem serei, mais uma brecha de céu azul…

Sou o sacrifício…

( teu )

Sou o glaciar…

(em que te tornaste)

Sou a lágrima, que desceu pela tua face.

Sou o sangue, que o teu coração bombeia.

Para ti…

- Sou -

um alicerce!

(Encosta-te a mim)

...



por: X.Y.U