domingo, 27 de fevereiro de 2011

Pobre do homem que se atropela perante si mesmo,
aquele a quem o que vive se transporta para alem do que é.
Triste aquele que de si para outros é um além do que já foi,
um ser que transborda o transparecer de outrem,
sem que seja de forma alguma aquilo que é,
que representa.
Que seja um e cada um de nós o que somos, o que não queremos ser, e o que desejamos ser,
tendo como a cada um o ponto mais alto, o querer do nosso sonhar,
o que pertence é um pertence maior de mim e vós que se perguntam o que representam tudo isto.
Não nos atropelemos perante vontades, que a vontade não é maior que o sonho,
respeite-se o sonho,
esse senhor de terras férteis,
senhor de pobreza incomensurável.

Se te atropelas e és mais teu que nosso,
vai-te mais longe do que a ti te encontras,
se algum dia nos vires,
verás que a vida é mais que teu ser.
Homem triste que não é mais do que o que foi.
Triste o que foi,
triste o que já nunca mais é o que era...
triste o homem que se revê num passado,
mais presente que este que se pretende.

Oh triste e ignóbil ser de feridas estancadas,
meu ingénuo ser inanimado do que é um amor,
esse amor perante a vida.
Triste és tu que não sonhas.
Triste és tu que foste,
e nunca o serás mais que o foi
resta-te a ti como a mim,
relembrar o triste fim do que foi para um,
triste e maior fim, prestes a alcançar.
Aquele ao qual somos invisiveis.
Tristes seres que somos perdidos.
Fiquemos,
tristes,
inseguros,
á espera,
do mundo que seja um dia nosso.
Porque um dia o foi.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sair de casa e meter as mãos nos bolsos, encontrar um bola de neve, um isqueiro e um maço de tabaco, bato com as mãos no rabo e encontro um bolso vazio, no casaco não há bolsos, e o passeio desenrola-se com uma paz simples, para onde vou não sei, não sei que horas são, e ninguém sabe para onde vou, e onde vou estar.
Qualquer pessoa que telefone para o telemóvel encontra uma senhora simpática em gravação, ninguém sabe que vou passear ao monte, como faziam meus familiares com a minha idade, mas não era passeio, eles deslocavam-se à vila sozinhos ou de burro, e hoje não há muitos burros por ai dispostos a emprestarem os costados para um "deslocamento", devia ser assim, sem ondas digitais a atrapalharem a vida analógica, simples.
No tempo livre inventam-se coisas para se fazer, não se usa o inventado.
Inventa-se o passeio como antigamente, e a sensação é de liberdade.
Sou eu sozinho no mundo.
Invenções, invenções...
Nada de novo no mundo, são só invenções...
Já estás a inventar

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Alta baixa montanha

Então vossemecê não sabe que isso não passa disso?
Ide para onde for, veja o que vir, não passam de estórias a contar.
Pode até dar a volta ao mundo, em cem dias, dez, ou dois, volta e quando lhe pagam uma mini para se soltar a dita estória, revê-se numa invenção de uma meia volta sem mundo que se deu, tal como a novela com meio terço do share.
Empolgue o mundo numa palavra e o mais alto do cume das montanhas não são mais que cabeços com 2 ou 3 arbustinhos e meia duzia de calhaus.
Cague-se lá no suor homem, que à montanha não lhe dá gosto o suor dos que visitam mas o sangue de quem as conquistou.
Mas você viu, reviu, amou e apaixonou o mundo nos seus olhos, mas não é sequer projecto de poeta para aos olhos dos outros fazer sentir o que viu.
Rale-se mais a ver e viver, mais tarde ou mais cedo vai esquecer...
Depois...seja homem.
Faça para ter mais querer.
"Nunca ouviu dizer:
O que os ouvidos não ouvem, a boca não responde?
Pois olhe que agora o mal está feito.
Desemerde-se!"