domingo, 17 de junho de 2007

(im)perfeito

Foi de lá que eu vi....
Não nasci no mundo perfeito,
mas também não era assim!
Aqui não há perdão...
muitos menos compaixão ou união!
Compreensão?
Neste mundo é outro " se não"!
Pisamos o próximo, magoamos o mais chegado...
não existe meio-termo pois,
tudo se resume ao pecado!
Onde vim eu parar?
a um mundo...
onde o desprezo é ementa principal..
e a auto-suficienciência a arma fulcral!

By: X.Y.U

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Disap...pear

Petrificou!

Bastou uma simples lufada de ar fresco...
..um gélido vento, uma nortada bem desagradável!

Petrificou!
Vai, corre..pega na arma e dispara!

Ficou feito num oito...

Coração doente, que petrifica...
leva tiro...
nada fica!

Desaparece....
Desapare......
desapa......
de.....

O vento encarrega-se do resto!

quarta-feira, 13 de junho de 2007

O Findar de um longo Palpitar

Anseio pelo o dia em que irei acordar
e nada de ti...
restar!

Anseio pela manhã em que o sol, não me irá fazer lembrar..
a tua linda cara...
que até hoje não me deixa descansar!

Desejo todos os dias que a noite chegue bem rápido...
para então adormecer...
mas esse teu poder....
só me faz temer!

Ocupaste um lugar,
mesmo sem intuito de..
acabou por me magoar!

Magoa essa tua indiferença,
não podias jamais
ter apagado
a minha presença.

O lugar que a mim poderia pertencer,
outro alguém se encarregou
de aquecer...

O lugar que a mim poderia pertencer,
por outro alguém
tu o deixas-te preencher!

Mas, após todos estes anos....

O meu coração deixará de palpitar,
e assim...
finalmente
deixarei de te amar...!

" Difficult not to feel a little bit disappointed and passed over"
a perfect circle

terça-feira, 12 de junho de 2007

Quem é aquele?

(O meu velho amigo de escola veio-me visitar na minha vila mãe e ficou espantado com a diferença de mentalidades entre a sua terra e a minha.)
-Que se passa nesta cidade? Eu vim de fora e fui atravessado por olhares desconfiados, mandaram-me embora ninguém confia em forasteiros ja vi, mas até às pessoas da vila não pertence a confiança. As pessoas não confiam umas nas outras, ninguém deixa fiado, niguém empresta dinheiro, todos desconfiam dos outros, cada um fecha a porta a sete chaves, até tu meu amigo desconfias de mim mesmo convidando-me a tua casa.
-É um costume entranhado em todos nós, experiência da vida, lamento é um habito que se perde fora desta vila, mas que se ganha voltando ás raízes, digamos que...aprendemos da pior maneira.
-Aprenderam a não confiar em ninguém? Crianças que duvidam dos pais, homens que duvidam das mulheres, que terra é esta onde cada um dorme com um olho fechado

e outro aberto? Cada um com uma pistola ou faca na almofada, tudo de quarto trancado, não entendo.
-Há um homem que está a durmir á igreja, lá é a casa de deus é a unica que não lhe nega a protecção da chuva, a igreja, já o padre... eu levo-te lá e explico-te a história.
(Chegamos à igreja e o meu amigo vê um velho mendigo a durmir à porta da igreja, magro sem carne depois da pele, amarelado da doença e esfomeado.)

-Porque ninguém fala ao velho? Coitado ali sozinho, tenta falar com as pessoas e ninguem que passa lhe dá atenção, nem um pouco de pão, nem uma esmola,Porquê?
-É um velho escorpião, as pessoas ja tentaram confiar nele, mas ele acaba sempre por desiludi-las, ele que tente a sorte dele noutro lado, onde não o conheçam onde ele possa enganar outros.
-Mas porque não ajudar o velho tão pobre e solitário, ele ja deve ter aprendido a sua lição.
-Não acredita que não, por isso lhe chamamos um velho escorpião.
-Porque velho escorpião?
-É uma historia antiga se ta contar percebes, é a historia do escorpião e da rã:

«Arde a floresta num fogo
incêndio cru e violento,
fogem os animais em espanto
em busca de salvamento.

Correm até ao rio,
mas param na sua margem,
Quem não sabe nadar,
acaba aqui a viagem.

Um escorpião em desespero
pede ajuda à meiga rã
se ela não o socorrer
estará morto pela manhã.

"Tomas-me por parva a mim,
que te conheço de gingeira?
Antes da viagem acabar,
matas-me à tua maneira!"

"Não sou louco a tal ponto,
também gosto de viver...
Se te fizer algum mal,
também eu vou morrer"

O coração amolece
e rã, toda ternura,
dá boleia ao escorpião
e começa a aventura.

Nada a rã até ao meio
do rio que os vai salvar
sente uma picada nas costas
e não quer acreditar!

Seu corpo envenenado
vai ao poucos parando
e afunda-se nas aguas
estão-se os dois afogando!

"Oh escorpião traçoeiro,
assim vamos morrer!"
"É assim que eu sou...
E nada posso fazer"»

-Pobre velho escorpião, destinado a ser ignorado.
-É a sua natureza, quem o ajudou foi traido, roubado ou desiludido. Já ninguém sabe o que ele pode fazer de diferente, afinal, ninguém mais quer ser picado, apesar de todas as suas supostas honestas promessas, todas com destino a tentar amolecer o coração de cada um.
-Eu acredito na bondade humana, afinal de contas é só um velho com fome, que mal me pode fazer? Certamente não me vai traír, ou mentir, ou roubar eu vou ajuda-lo , afinal, ninguém morde a mão que o alimenta.
-Meu velho amigo estás á tua sorte, eu bem te avisei.

(Uns dias depois o meu amigo voltou, desiludido com a humanidade,o velho mendigo mais pele que osso roubou-o meu amigo de tudo o que tinha, mais um que havia sido picado. O meu amigo mudou-se para a vila, aqui estava entre desconfiados da raça humana.)

Mitgefühl
Versos da rã: http://activarte.blogspot.com/2005/10/o-escorpio-e-r.html

terça-feira, 5 de junho de 2007

O meu resto chão

São horas de deitar e durmir, é suposto eu agora fechar os olhos e adormecer.
Ajeito-me confortavelmente entre a almofada e os lençóis.
Como adormecer? Assim do nada? É suposto eu dormir?
Não consigo, tenho o defeito inconsciente de ser demasiado consciente.
A almofada torna-se pesada, entre pensamentos os lençóis amarrotam-se.
Não é só fechar os olhos e não pensar em nada. Por isso não se dorme tão facilmente, pelo menos sozinho...
Não existe acção ao adormecer, não existem distracções que me levem o pensamento, é suposto ficar aqui sozinho á espera que o sonho venha.
Divago, penso noutra, penso em nós, penso em tudo o que me enfrenta mentalmente, tudo o que esmaga e pressiona as têmporas para enfrentar os pensamentos .
Irrita-me não poder não pensar, talvez so ficar aqui e adormecer como qualquer um que adormece.
Não foi o Pessoa que inventou o excesso de consciente e a irritação de pensamento. Foi sim ele ( ou qualquer um dos heterónimos) quem foi capaz de expressar essa merda mental, e torna-la no papel não merda, mas um perfume que nos indica como é pensar como ele, demasiado até.
Não tenho a sua capacidade de libertar o pensamento, essa liberdade.
Apenas partilho o estúpido tormento como ele, o consciente em excesso.
Hmm.. talvez partilhe também o uso do alcool como anestesia para os pensamentos soltos por aí, guardá-los la no fundo do inconsciente, só por pouco tempo claro.
Sabe bem deixar e ficar ali a saborear a vida suspirando a felicidade alcoólica sem me importar com nada, onde um cigarro sabe a um cigarro, talvez melhor até. Não tem outras distracções.
Pior é que o alcoól nos deixa sem demasiados pensamentos, então, as pessoas tomam como desagradável fazer coisas sem pensar.
Estúpidos!
Já tenho calor, a comichão de cada gota de suor que se escapa por cada póro.
Insuportável!
Penso quando chega o sono, mas pensar não o faz chegar.
Levanto-me afastando os já lençóis quentes e amarrotados por irritações de excesso mental.
Pisando o chão frio corro no escuro procurando uma caixa de anestesiante mental.
Engulo as drageias a seco, que arranham pela garganta e esófago adentro.
Fecho os ólhos e penso quando chega o sono...
Sou eu...que respiro...
Sou eu...que sinto...
A cabeça está pesada...
e...
Leve...
Já não penso?
hmm... que paz.
É tão bom ter sonhos como paradoxo! É bom poder durmir sem pensar em...tudo..
hmm...doce soporífero...
O meu ópio...
O meu resto chão.

Mitgefühl