segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Crónicas de uma morte anunciada - V (Realidade)


Acordar bem cedo com o despertador irritante, levantar sem vontade alguma, sentir o frio do quarto, fazer a barba em água fria, tomar um banho quente onde quase adormecemos, lavar os dentes e doer aquele dente lá atrás.

Vestir uma roupa qualquer que já tenho demasiado usada.

Pentear o cabelo todos os dias sempre irritante.

Sair para o carro e seguir para o trabalho.

Apanhar o transito que destrói a paciência.

Seguir um dia de trabalho extremamente ingrato e aborrecido, onde o chefe nunca somos nós nem nunca seremos.

Sair do trabalho e apanhar o rebanho de veículos na direcção oposta.

Chegar a casa, fazer o jantar, ver um pouco de televisão aborrecida,balbuciar umas palavras, ler um livro ja lido porque não tive tempo de ir comprar um novo, mas pouco importa porque estou tão cansado que me vou deixar durmir a ler o livro de tão cansado que estou a lê-lo.

Quando acordar no sofá, arrasto-me para a cama, e tudo sera igual amanhã.


Viver sobre as estrelas, amar sobre as estrelas, sentir tudo por alguém e não sentir. As coisas nunca serão belas para sempre.

Se amares alguém em demasia, chega a uma altura em que vais olhar essa pessoa em demasia, alguma vez vai fazer parte da tua vida, existe um limite para a surpresa, tu não lhe podes fazer sempre surpresas, tu não vais poder dizer sempre coisas que a façam corar, tu não a vais fazer sempre feliz.

Ela um dia vai tirar-te do sério e vais gritar com ela, dizer-lhe coisas que nunca pensas-te dizer a pessoa que mais amas, um dia vais querer estar sozinho sem ela e ter um espaço para ti, ela um dia vai querer sair da monotonia, vocês não vão acabar todas as noites em amor escaldante, vocês vão deixar de ser as pessoas mais apaixonadas do mundo, um dia vão ser mais um casal.

Um dia vão ser somente duas pessoas juntas que um dia foram as mais felizes do mundo, mas agora são somente duas pessoas juntas numa monotonia.

Tu vais viver o teu dia e pouco ou nada vais reparar na pessoa que está ao lado, na pessoa com quem quiseste viver.


Mas um dia acordas e sais para a rua e não há céu, sentes te sozinho.

De repente sentes falta de algo, sabes que o céu não está lá, perdeste as estrelas sob as quais outrora pudeste amar alguém, respiras um ar mais pesado, procuras algo e não sabes o que procurar.

A realidade atingiu-te, a realidade saiu para não mais voltar, vives sozinho na vida onde ela um dia existiu. Vives cada dia agora, mas sozinho, um dia deixas-te de lhe fazer surpresas porque ja as tinhas feito todas, mas agora percebeste que lhe podias ter feito muitas mais.

A realidade na nossa monotonia mata tudo, a nossa maneira de ver as coisas é ela toda subjectiva (claro).

Mas o que separa as pessoas reais, das outras é que as pessoas verdadeiras conseguem aceitar a realidade. Todos nós temos que aceitar a realidade, e que para o resto da nossa vida, todos os dias vamos ter de viver conosco mesmos, e infelizmente ela fazia parte dele,mas todos somos aborrecidos. Mas ela não aguentava a realidade.


A realidade procura nos matar com a monotonia, seguros são aqueles que aguentam e olham o céu todos os dias de uma maneira diferente, verdadeiras são as pessoas que percebem que a vida é aborrecida, e as surpresas só existem no principio....e no fim...


Mitghefüll

domingo, 21 de dezembro de 2008

Crónicas de uma morte anunciada - IV (Mulher)

A mulher é perfeita, mas tem todas as particularidades do ser humano, as suas desvantagens, o egoísmo, que existe tambem ele no seio do homem.
A mulher, é perfeita quando se olha, e contempla na luz reflectida da sua pele, a felicidade dela libertada, olhar nos olhos de uma mulher e sentir o estomago a sair cá para fora revela nos a sua perfeição.
A mulher tem uns lábios perfeitos, que queimam no beijo de seda, a mulher tem em si as sombras da luz nos seus contornos, a mulher cria cada contorno diferente em cada póro da sua pele lisa, na sua pele arrepiada o toque culmina em sentimento, a mulher é perfeita com todas as suas imperfeições que cada uma no seu sabor diferente a tornam mais perfeita.
O azedo de uma mulher torna-a doce, mais doce ainda que o tudo que era antes, os seus cabelos prendem o perfume da sua vivacidade.O pescoço revela a sensibilidade do desejo, nas carícias do abraço. Um beijo no pescoço morde a frustração de tanta perfeição de não nos podermos fundir num só em tal amor.
A sua silhueta tão suave, e reflectora de tudo aquilo que Deus criou melhor no universo está ali quando olho para ela.
Os olhos profundos de incerteza e surpresa, negros de desejo e brilhantes da felicidade que emana nela, são o mais revelador de si, os olhos que penetram tudo com vontade de descobrir e aprender, amar.
A mulher é perfeita.
Tu és perfeita. Mas por agora vou parar de falar, porque tenho em demasia a tua ausencia.
Vou guardar para mim toda a perfeição e junta-la a mim nos meus sonhos.

Mitghefüll

Crónicas de uma morte anunciada - II (Desaparecer)

Desaparecer por momentos, ganhar balanço abandonando a vida antiga para saltar e apreciar a felicidade, abraça-la disposto a não magoar a nova, cuidar da nova felicidade para todo o sempre com paciencia de santo e fazer a ela tambem feliz, nem que para isso tenha que fazer malabarismo com os meus demónios. Mas ao desaparecer por momentos, matam-me, e fico a meio do salto, sem encontrar nem felicidade nem abandono, perco-me na morte de tudo o que quis para todo o sempre da minha plenitude.
Não percebo o porquê de tudo isto.
Magoa não quereres a felicidade.
Magoa analisar o bom e o mau como se de objectos se tratassem.
Doí, doí demasiado.
Vivi pleno convencido que o mundo ia melhorar. E melhora só de um suspiro da tua lembrança, mas junto á memória caí a tua ausencia que derruba as paredes recém criadas do meu mundo.
Se não sair deste limbo prefiro viver sozinho para sempre e evitar tudo e todos.
É uma résquia para vagabundos isto que fica em pequenas ilhas de felicidade, e muitas ilhas cheias tristeza e confusões desnecessárias, uma vida perdida á partida, sem necessidade de viver.
Magoa, e dói, dói muito, nunca na vida senti tal dor, e acredita que senti muita dor ultimamente.
Que morra que não interessa, desaparecer verdadeiramente é triste, mas inevitavel, a acalmar esta dor latejante em todas as partes do meu corpo.
Dói dói dói, ver alguem a desistir da felicidade por entrecurvas teoricas de lógica e rétórica.
Dói ver que não queres o tudo que eu por ti dava, dói desistires na primeira curva, só porque dei balanço para te agarrar no teu mundo, abandonando o meu antigo, fugiste de mim, aterrorizada que te abraçasse.
A verdade é que fugiste de mim, so porque uma ultima vez recuava para dar o maior salto da minha vida, e te alcançar.
Dói demais saber que se tiver mesmo que desaparecer, desapareço de vez.
E tu sabes, o nosso abraço ainda que simples é ainda demasiado amor para um abraço.

Mitghefüll

Crónicas de uma morte anunciada - I (Morte)

Anunciei a minha morte à muitos anos atrás, nasci e gritei em plenos pulmões o meu sopro de vida pela primeira vez anunciando um ultimo.
Cresci consigo ainda que pouco habituado a viver no mundo ocidental onde ela escasseia, cresci num ambiente católico que dá felicidades aos mortos pois vão viver num mundo melhor, o mundo do além onde se é omniconsciente, que gozamos de uma eternidade tanto nas chamas como nos céus na graça de Deus.
Nunca ninguém voltou dos mortos, ninguém me sabe dizer como aquilo é, é triste viver a pensar que tudo isto aleatório do universo cientifico que não é nada. Nascemos e Morremos e não existe consciencia pós-vida, sem um Deus não há deus que nos salve. É triste pensar que a vida não é uma passagem para algo mais, mas parece a mais lógica, daí toda a necessidade pessoal do ser humano pela religião, não há um gene, mas há a morte. E a morte que destrói o ser, destrói a consciencia, a Alma humana fruto dos sentimentos do animal humano evoluido, destrói tudo não havendo imaginação para mais, o homem é obrigado a criar um deus, ou um Deus para explicar que tudo isto não é uma merda.
Anuncio a minha morte, sem espera frequente, vivo a vida sem crenças teológicas, e respiro cada molécula de oxigénio como se fosse a ultima, porque um dia anunciei a minha morte, e não tenciono ficar cá para semente.
Repudio o morte desnecessária, ainda que, por vezes pareça que todas sejam desnecessárias, mas a vida não deve ser eterna, caso contrario tudo seria um sentido infrutífero, a morte a alguns mete o medo pelos que se agarram á vida ou seja os que ainda têm muito para viver, a outros e a mais aceitavel, o medo de perder os entes queridos, há ainda quem tenha medo de morrer para não deixar os outros, tudo fruto do sentimento humano egoísta. As mortes desnecessárias são de pessoas que têm muito que viver, e a viveram inconscientes de que um dia anunciaram o fim, são essas as que mais me comovem, um velho homem que viveu toda a sua vida é consciente do fim e aceita-o pois apercebe-se que o fim chega, e começa a despedir-se de cada partícula da vida, de cada pessoa. Aos entes queridos, o normal é inevitavel quantos mais novos mais incrédulos se tornam pois a pessoa que vêm agora morrer sempre esteve ali logo é normal que continue ali, aos mais velhos apesar de doloroso sabem que os seus amigos têm vindo a expirar e eventualmente o aceitam.
Vivo e vivi, vivi sempre que pude ao máximo, apreciando cada curva de uma montanha, cada nuvem que a contorna, cada sombra de uma mulher, cada fumo de cigarro libertado em nuvens cinzentas, cada beijo como se fosse o ultimo, cada queda e cada dor que me relembra o estar vivo.
Anuncio a minha morte, pois a cada momento ela está mais próxima, e apreciava um bom funeral.
A morte e tão normal como o nascimento, e o acontecimento é mal aproveitado, digo eu mente fruto de toda a vida festiva do ser humano nos ultimos séculos, fruto da geração que insiste em de desenraízar das suas tradições e religiões, eu apreciava um bom funeral. As pessoas desaparecem quando mortas, ficam debaixo da terra a apodrecer como corpo, a sua "alma" e tudo o resto desaparece e deixa de existir, e a unica forma de persistir é pela memória dos que cá ficam. Pior que morrer, é desaparecer da face da terra, e da memoria da humanidade.
Talvez por isso os chineses tenham três coisas necessárias para viver uma vida plena e preenchida, plantar uma àrvore, escrever um livro, e ter um filho, desconheço a ordem, mas reconheço que adorava deixar um filho para trás fruto de tudo o que fui e poderia ser, reconheço que o livro carrega toda a nossa alma e sentimentos para a eternidade da sua existencia, e a àrvore, torna-se uma com o mundo, criando muitas outras em seu seguimento.
Espero a morte, indiferente por mim, mas consciente dos meus entes-queridos, porque vivi tudo pleno de mim mesmo e de todos os outros, e , um bom funeral, relembrando a minha existencia terrena com uns bons licores e cervejas de alto nivel, saudam à minha vida a memoria, do que vivi e apreciei, um funeral deve ser para relembrar o falecido tanto nos bons como maus momentos, onde tudo e todos se reunem conhecendo e partilhando deixando verdadeiramente a pessoa que ficou para trás,criando assim forma á imortalidade da pessoa na memoria da humanidade.
Já disse alguem, o homem persiste na memoria dos que ficam.
Não há nada a lamentar num funeral a não ser a cerveja morta, pelo menos no meu.

Mitghefüll

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008


Lisboa, Praça do Comercio ou Terreiro do Paço ( ainda Black Horse Square)



Lisboa, é pitoresca...
é azul,
é preta
é branca,
é amarela.

Lisboa, "menina e moça"

é adolescente
é velha...



by:X.Y.U


segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Estrada



A caminho.
Caminho sobre o solo irregular...

Caminho, pé-ante-pé,
corro.
Paro!

Olho..
e vejo ao fundo, bem lá no fundo , o fim!

Recuo dois passos...

O inevitável cansaço, consome-me a destreza e a força ..
a solução seria recuar!

Quantos não percorreram já este caminho?
Quanto chegaram ao fim?

( Dois passos adiante)
De costas voltas para o inicio..

Sigo as pisadas dos outros,
Decido-me pelo fim!


by: X.Y.U

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Hoje

Hoje..

Tomei a liberdade de escrever,
por mais incoerente que seja...
faço-o sem ter necessidade de recorrer a
um esforço intelectual.

estou-me nas tintas!
Estou-me pouco marimbando.

Hoje escrevo, para poder conseguir voltar a escrever daqui a um dia, dois, ou, quem sabe daqui a
um ou dois meses;

Nada do que outrora me fazia escrever é, hoje,
motivo para o fazer..
pois, tudo o que tinha sentido ontem,
hoje,
não faz mais!

Gosto:
da Liberdade,
de não ter que obedecer,
de conseguir esquecer ( apagar)
de conseguir viver segundo as
minhas fraquezas e forças...

Mantenho:
quem me acompanha...

e

gosto particularmente de colocar
pontos finais...
para começar novos capítulos!


Assim, foi!

By: X.Y.U

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

damnthefeelings

I wished.
Duas palavras impossiveis de traduzir á letra por palavras portuguesas, não há palavras que exprimam tanto o arrependimento como UMA "I" DUAS "wished", "sinto-me tremendamente arrependido", "quem me dera"
.....
Não da...não serve.
I wished que tivessemos ficado, gelados nas sombras tempo sombrio que partilhávamos.
I wished que o tempo não nos levasse á vida como ela é, e brincassemos aos apaixonados ás escondidas de todo o mundo para sempre.
Queria ficar sozinho para nao ter de te esquecer, ou lembrar, mas fazes demasiado parte de mim, que arrancar-te de mim é arrancar um pedaço de sangue e carne que me faz pulsar.
Não quero voltar a enfrentar o que nos destrói, porque sabemos que o ódio está mais presente no coração humano que o triste amor.
I wished...
I wished i stayed.
I wished ter-te para sempre do sempro, como duas crianças que brincam horas e eternidades á lareira sem que um aborrecido adulto nos leve a dormir.
Tenho saudades da palavra AMOTE onde o seu soltar não me causava estranheza ou dor.
I wished ter guardado apenas boas memorias da minha vida para nao lembrar porque cresci.
I wish ter tempo de escrever para ti a noite toda, sem me ocultar entre negros pensamentos.
I wish ter vida para ti como tive noutra vida.
I wish...conseguir ter-te.
I wish sentir apenas amor por ti.

damnthefeelings

othersthanlove

Um dia escreverei para ti.


Mitghefüll

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Dois Bonecos Partidos num circo ambulante



Muitos podem pensar que um boneco de circo não tem sentimentos.
Muitos podem pensar que são bonecos criados e usados por outros a representar historias de mestres, todos pensam que somos guiados pelas linhas e movimentos do actor.
Mas não, eu não.
Eu tinha vida, e ela também.
Eu representava porque amava estar ali, eu vivia naquele momento, para todo o mundo que assistia eu tinha sentimentos, e eu via-a sentir.
Fomos criados em locais diferentes, o meu pai fez-me a mim e aos meus irmãos de uma madeira doce, cheia de emoções, com linhas de amor na sua criação.
A ela, eu não o sabia, mas ouvi dizer que provinha de um mundo á parte, da floresta onde a beleza reinava e a suavidade da sua pele reflectia toda a luz que a sua mãe viu no topo de uma floresta tropical.
Também ela sentia, eu sentia-o, nós amavamo-nos, apesar de nunca termos trocado uma palavra...
Eramos bonecos.
Acontecia por vezes a minha favorita historia do romeu e julieta aparecer em noites de luar, onde jovens de paixões assolapadas dedicavam aquela história de amor ao seu par, por vezes de sentimentos inexistentes, outros de lagrimas se beijavam, acreditando terem o amor verdadeiro nos olhos da pessoa respirada.
Tudo aquilo era de diferença abismal ao que eu e ela sentiamos um pelo outro, nós criavamos a história além das linhas e entrelinhas do mestre escritor, nós moviamo-nos olhando-nos e tocando um no outro para além da mão e movimento do actor. Para mim ele era voz off. Eu não o ouvia, eu era a personagem que podia ali, naquela peça senti-la.
O toque na sua pele dura e suave de brilho, a mim dava-me a felicidade extrema e única que todos os pobres assistentes pensavam sentir junto ás suas..."amadas".
Ela amava-me e eu amava-a.
Mas eramos bonecos.
E no final de cada história contada, eu vinha exausto de tanto amor, amor esse que me tiraria a respiração se eu certamente a tivesse. No final de cada teatro de paixão verdadeira entre nós dois realizado, iamos para uma caixa de cartão como outros bonecos quaisqueres.
E ali ficava eu sabendo que tão perto no palco estávamos, e tal era a distancia entre nós.
Mas eramos bonecos, e na escuridão da caixa de cartão onde o toque duro e frio de outros bonecos me afastava de ti, eu sonhava um dia poder te amar. Talvez um dia te tocar.
Mas eramos bonecos... Vivíamos num mundo diferente onde tudo e todos incluindo nós, existiam além de nós mesmos e do nosso amor.
Naquela caixa de cartão eu sonhava e pensava em ti.
Eu dormia contigo todas as noites, e sabia que tu tambem dormias comigo junto a mim, respirando comigo.
Mas eramos bonecos de outros, movidos por outros.

Alguém, um dia por algum motivo, num alinhamento feliz de qualquer planeta a mim desconhecido, alguma estrela morreu ou alguma nasceu, para aquilo a mim ter acontecido!
Alguém um dia deixou cair a nossa caixa de cartão, eu, feliz por poder fugir agarrei-a minha amada que estava junto a mim que tambem talvez por qualquer outro alinhamento criara a minha felicidade!!
Não sei... mas a minha amada e eu não fomos os unicos a cair, foram também todos os outros bonecos de madeira fria, amigos inexistentes, foi tambem a felicidade do nosso actor, o nosso deus.
Ele morria, tinha a doença que eu nunca quis ter. Ele estava apaixonado, na solidão.
De dias contados e sentimentos perdidos, ele embriagado de alcool E tristeza E raiva E sofrimento E AMOR NÃO CORRESPONDIDO. Agarrou em nós de olhos incendiados possuido pela solidão e libertou-se de cada um de nós atirando-nos contra o pequeno quarto do artista que em tempos brilhante me dava o toque de amar o toque e perfume dela.
Deixou ali na escuridão da noite a sua presença passada e memorias antigas para viver sozinho no seu sofrimento num outro local qualquer do mundo onde o circo não estivesse, pois a sua amada já mais não estava.
Eu no partido no chão iluminado pela lua, que tantas vezes recitei por palavras de outros mestres a ela, so tinha agora tal como o meu deus, a ausencia e as memorias daquilo que tinha sido.
Não me importava ter perdido pedaços de mim na fúria declarada do meu criado, foi ele que viu em nós os olhos da sua amada. Eu sabia que se um dia a perdesse era nele meu amigo que encontrava as suas lembranças e sabia que a mim...a mim... não sei, não me atrevo verdadeiramente a imaginar a sua ausencia, não quero sentir isso...
Pouco importa pois, tanto eu e ela somos bonecos.
E os bonecos não têm sentimentos.
E estamos os dois perdidos eu separado dos meus membros, tal como ela partidos pelo chão misturados por outros bonecos de madeira fria.
Olho as estrelas e anseio pela manhã, pois sei que nela virá o fim, nele não sentirei a tua falta, talvez queimados partilhemos o calor, as nossas cinzas, e possamos ascender aos céus não separados, mas num só véu de fumo em nós proprios.

Ao iluminar do céu da ponta do universo , algo se mexe, uma claridade de um ponto que brilha e deixa um rasto iluminando todos os seres da noite e dia, uma estrela atravessa todo o universo ali so para mim e ela, duma forma interminavel o céu é iluminado para nós, na eternidade da estrela que brilha...

-Quero poder ama-la como se amam os humanos, nem que seja so esta noite.

Algo se apodera de pedaços de bonecos partidos tão diferentes de todos os outros e os eleva no céu para os trazer a um chão frio.

Encontro-me no frio a abrir os olhos que nunca tive.
Encontro na minha frente um corpo de um perfume belo, incrivel... eu consigo te absorver no teu perfume.
Caminho na tua direcção de olhos fechados embriagado pela tua presença e pelo calor que sempre tiveste presente. Sinto no fundo das minhas entranhas um corroer de ardor de felicidade ao abrir os olhos bem perto de ti.
Toco-te e acordas.
Abres os teus olhos e sorris ao reconhecer-me, supiras...

-Quero poder amar-te como se amam os humanos, nem que seja so esta noite.

Sem forças na carne das minhas pernas nunca antes tao fortes, para me manter em pé corro pelos pequenos centimetros que nos separam de encontro aos teus lábios sedosos de solidez humana.
Trocamos olhares e palavras, o meu pequeno toque no teu toque, o teu perfume pelo meu, deslizo os meus labios pelo teu corpo que pareço conhecer melhor que o meu, onde tu suspiras um calor que me faz tremer para rebentar com tanto sentimento que guardo dentro de mim.
Só a tua presença mata-me nos pulmões, beijo-te mas não consigo respirar pois quero absorver-te, és mais valiosa que qualquer particula de ar que me alimenta um pouco mais para te poder beijar um pouco mais.
Encontramos os nossos corpos um no outro com uma facilidade de encaixe perfeito. Imagino como nos invejam os humanos que sempre quiseram ter mas não conseguiram ter uma união como nos dois.
Não nos tocamos só, mas unimo-nos um para o outro onde a minha madeira é a tua madeira e é a mesma matéria que liberta calor apesar do frio que faz lá fora.
Trocamos beijos, pois não há amanha, trocamos amor através de gestos repetidos na sombra da lua sem um futuro à vista. Todo o tempo do universo desde o principio ate ao fim está condensado naquele momento onde estamos juntos num só e para sempre ficaremos, sem um amanhã.
Vivemos realmente um para o outro na eternidade de uma só noite.
Falamos entre nós aquilo que sempre quizemos dizer mas nunca dissemos por que eramos... bonecos, eu partilho contigo todos os meus sentimentos como nunca pensei partilhar o que quer que eu fosse, tu falas para mim como se eu fosse tu e tu eu.
Não existe em nós dois nenhum espaço. Não há nada entre nós. Nós Somos AMOR.
E ficamos ali partilhando-nos por palavras e toque.
Ficamos ali trocando calor e sentimentos de amor.
Criamos o perfume perfeito do nosso suor e da nossa felicidade.
Juntos partilhamo-nos como nunca tivemos oportunidade no passado.
Ficamos ali...
Ficamos ali...
Sem tempo.
Ficamos ali nós dois.
Ficamos ali ate adormecer.
Ate amanhecer.
Pois não há amanhã.

E de manhã alguem pega nos nossos pedaços, e em todas as peças restantes da madeira fria.
Madeira fria que alimenta o fogo.
Nós dois iluminamos o fogo com o nosso amor, ficamos para sempre a dançar nas pequenas labaredas e no fumo libertado daquele pequeno quarto onde uma noite existiu a felicidade perfeita.

Bonecos partidos num circo ambulante.


"Acabei ontem de ler um dos teus livros. O Pedro tem todos e eu leio-os porque é a unica maneira de sentir que estou contigo. Era uma historia triste e estranha , de dois bonecos partidos e abandonados num circo ambulante que pelo espaço de uma noite ganhavam vida sabendo que iam morrer quando amanhecesse. Ao lê-la tive a impressão de que escrevias para nós"

"O jogo do Anjo" Carlos Ruiz Zafón



N.A. Escrevi esta historia porque me apaixonei so pela sua ideia, presente no livro. A historia não existia, e eu precisava de te-la.
Decidi cria-la o melhor que pude.


Mitghefüll

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Exausto

Há cerca de um ano e meio. Eu estava aborrecido. Sinceramente aborrecido. Cansado da vida. Farto de não fazer nada. Olhava a vida passar "no resto chão do pensamento" fumava cigarros que nem um maluco, apaixonava-me e desapaixonava-me. Deliciava-me e perdia-me de encantos por me perder. Perdia-me de ter encantos. Fartava-me.

Hoje em dia a coisa muda um pouco. Continuo farto, mas ja vi coisas interessantes, coisas mesmos interessantes e desconhecidas ao comuns dos mortais. Tinha sede de viajar, sair do local entricheirado e marcado por uma risca vermelha pelos papás (do not cross).
Okay, sou um rebelde. "pisguei-me" no bom sentido da palavra. Fui para um dos sitios mais longínquos do país para me perder, de novo.
:::::
Cá estou eu de carta topográfica na mão, a cerca de 1014mts de altitude, aqui chove como no dilúvio. Faz frio, mesmo frio, enfia-se nos ossos, da a volta á carne e vem pela espinha, combinado com o vento gela os dedos.
Mete-se a pila de fora pa mijar, desabotoando os botões a muito custo.
A grande lixadela agora é fechar a "portinhola", não dá, pareço o deficiente do anuncio, nao e por mal... mas não consigo mesmo meter um botão, da mesma forma que nao consigo fechar os dedos. Tenho uma carta topografica, um cigarro meio molhado, um insqueiro que nao dá sinais de vida com tanto vento (não sei como se mede a velocidade/hora mas é o suficiente para me derrubar), meio chocolate mars (guardado para o caso de me perder), tenho bastante roupa, toda molhada, botas todas molhadas, á... e uma mochila... pesa cerca de 50kg toda molhada.
Okay, agora cheguei ao ponto. Que se foda. De um momento para o outro o nevoeiro dissipa. á minha frente apesar da chuva, liberta-se uma paisagem de perder a vista. São me mostrados os vales e serras que ja palmilhei. Contam-se centenas de Km palmilhados nestes meses por esta paisagem fora.
Que se foda.
Sentei-me e enfiei-me num buraco. Acendi o cigarro.
Apreciei os vales, as serras, as subidas, as descidas, a quantidade de riachos e póças que me deixaram encharcado. Aquela puta de subida que me deixou os pés a sangrar.
:::::
Perdi-me uma quantidade enorme de vezes. Mesmo com carta topografica, o nevoeiro era tal que não existia norte, nada... nem o meu parelha eu via... nao via o outro lada da estrada. Nao via nada. Perdia-me muita vez. Mas em tanta vez que me perdi... lembro-me sempre.
Eu estava tao bem em casa.
Cheguei ao ponto de estar exausto. Desde segunda feira devo ter feito 2000km em viagens, de carro e autocarro. Talvez mais.
Estou altamente exausto.
Ainda me falta zurique, afeganistao, iraque, india, georgia?
Que se foda.
Ha que sentar e apreciar os momentos parados.
Downsides?
Perdi a minha cama. (deixei de ter cama, ja nao me lembro do sabor que a cama da minha casa de tao pouca vez que la vou.)
Upsides?
Apaixonei-me, por montes de coisas, paisagens, momentos, sofrimento, pessoas.
Apaixonei-me.
Eu mantenho a estupidez de:
Só estou bem aonde eu nao estou.
(este é um post)

domingo, 13 de julho de 2008

Saudade

Saudade é incomum.
Saudade não é sentir falta de.
Saudade é sentir, é precisar, é ter o desejo de estar com alguém.
Uma palavra incontornável em todos seres humanos no seu desejo iminente de precisar.
Quando se tem alguém e temos esse alguém presente em nós, a saudade persiste no desejo de estar melhor que com esse alguém.
Quando não se tem esse alguém que sentimos, a saudade pertence-nos na face de qualquer desconhecido, transformando a cara desejada em qualquer estranho...
Perder o sentimento que temos.
Perder o brilho dos teus olhos.
Perder tudo o que temos.
Reencontrar o sofrimento causado pelo desejo de ter, e sentir o calor do amor.
Perder o respirar conjunto de um só ser.
Perder o aroma da nossa cidade.
Perder a luz nos edíficios ao nosso por do sol.
Reencontrar o cheiro a terra molhada ao fim de séculos de frio.
É a saudade que se sente quando olho para trás e recordo tudo o que passei.
Quando se embarca de lágrimas e coração nas recordaçãoes e se sorri.

A saudade é tudo isso e mais.
A saudade é tudo o que não temos e podemos ter.
A saudade é unica... e pertence-nos a nos.
Cabe-me a mim e a ti, dizer e saborear o sentimento do que falta e temos por não faltar.
É raro encontrar palavras para os nossos sentimentos.
Mais raro ainda é encontrar a palavra certa para te demonstrar o que sinto.

O sentimento da palavra.
A palavra do sentimento.
Sentimento que não se explica.
Sente-se



Mitghefüll

quarta-feira, 9 de julho de 2008

segunda-feira, 16 de junho de 2008

A prece


Dai-nos, Senhor, tudo aquilo que nunca Vos é pedido.
Não Vos pedimos o descanso
nem a tranquilidade do corpo
nem tão pouco a do espirito.
Não Vos pedimos riqueza,
nem o êxito e as honrarias
nem sequer o reconhecimento
dos homens
De tudo isto, que insistentemente Vos pedem, talvez quase
nada já Vos reste
Dai-nos, pois, ó Deus, o que ninguém quer, o que todos
regeitam:
A insegurança, a incomodidade,
a inquietude, a tormenta e o
risco.
A vereda estreita e agreste
que vai até Vós.
Concedei-nos isto, nós Vos suplicamos, definitivamente, porque a fraqueza, fruto do egoísmo humano que em nós existe, talvez nos tire a coragem de o solicitar de novo

Dai-nos, Senhor, o que Vos sobra, aquilo que ninguém nem sequer Vos pedem mas, dai-nos, ao mesmo tempo, o valor, a vontade, a força e a fé que temperam a alma do soldado na grandeza da sua servidão.

Por ultimo, Vos rogamos, ó Senhor, por aqueles que, de entre nós, em todos os tempos, caíram no campo da Honra e derramaram o seu sangue pela Independência e Liberdade da Pátria

Nós Vos pedimos, ó Deus dos Exércitos, que, no Vosso Seio, repousem na paz eterna as almas destes bravos.

domingo, 1 de junho de 2008

Nitin Sawhney



-> Eastern Eyes.


Desfrutem.

sábado, 10 de maio de 2008

Semelhanças

"Existem as fotografias, emolduradas e vivas, sobre os móveis.

Existe o raio de luz diagonal que atravessa uma fresta da porta.

Existimos um diante do outro...

...ela talvez se alegre no lugar onde estiver, e eu sinto saudades, muitas, de quando tinha a minha avó"
  • José Luis Pexito
Assim como José Luis Pexito, eu também...


By.X.y.u

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Eish, um ano.


Carissimos leitores, no passado dia 3 de Maio completamos o primeiro ciclo de 365 dias, que um ano tem. Sim, estamos de parabéns.

Visto que somos pessoas imaturas, sem a minima noção de responsabilidade, que se regem pela norma do "deixa andar", até nem nos saimos assim tão mal.

A Vida Boogie soma, e segue....

Obrigado a todos aqueles que tem por hábito dar uma, duas ou três espreitadelas no nosso espaço.
E para este novo ciclo, o nosso principal objectivo vai passar pela fidelização de leitores, sejam eles novos ou velhos, tornando o VidaBoogie numa especie de BEM de primeira necessidade, sem o qual viver será impossível.

by: X.Y.U

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Underwater


-Smoke City-

"Follow me now,
to a place
you only dream to
before i came along"

sábado, 5 de abril de 2008

Não vou perder mais tempo.

Não vou mais olhar para trás,
tentado reaver das cinzas..
o que a desilusão fizera arder.

Não mais vou chegar perto do fogo,
queimando em vão as
linhas gravadas nas minhas mãos...
nos meus pés.
Permitam-me,
mas chegou a altura de dizer que "Não vou mais.."
olhar-vos com os mesmo olhos...

Estes, estão carregados de lágrimas que
secaram...
...estão cerrados,
...


Hoje, apenas serão vultos...
num oceano
de nomes..
de memórias..
de histórias.



por: Xyu

sábado, 15 de março de 2008

Conta-me histórias

O conhecimento do nosso antigo trás me saudades de histórias por ouvir.
Ficar fechado dentro do meu caixão, junto ao ao sofrimento do meu metafísico reclama um gosto pelo infinito. A dor dos ácidos do meu corpo e o frio do vento relembram-me os séculos passados que parece o ontem, a mente afasta-se do corpo.
O presente é poucas vezes guardado com tal afastamento pessoal, quero histórias diferentes das que vivi, quero saber o diferente de novos mundos ao que eu posso viver.
Deixa-me sentar no sofá sentir o toque do seu tecido entranhar-se na minha pele, o conforto das almofadas deixar-me afundar em si, deixa ouvir as tuas histórias ricas de vida ja passada por ti.

Nunca morrer sem saber o que é saber as trivialidades do destino em conhecimento por ti vividas.
Deixa-me ouvir-te falar com erros de gramatica, sem paragrafos ou vírgulas, só a história de paixões, sofrimentos e aventuras que relembra todas as vidas infinitas. Trás esse conhecimento pela tua fala.
Reconta-me o antigo e o futuro.
Recorda-me o passado pelo presente pois o presente tem um toque leve de odor a dor.


Ps: (não ias axar que o meu grito diferente se perdia na atmosfera pois não? Nunca tive um coração tão poluído, uma cabeça tão ruidosa... Axo dificil morrer assim tão secamente e deixar de escrever. Duvido deixar de pensar com pensamentos estupidos, confusos, ei de ter sempre uma cabeça ruidosa.
Enquanto pensar estranhamente, ei de escrever estranhamente =)


by: Mitghefüll

quinta-feira, 13 de março de 2008

Exorcismo.

- A minha cabeça está um caos.

As ideias surgem efemoras!

- Não há espaço para a Palavra.

Esgotei-me?
A dor.... Perda ...o amor.

As lágrimas...o sangue...a felicidade.

Os dias...as horas...os sorrisos.

Os meses...a dor...a Saudade.

O dia...a memória...a morte.

A viagem...o tempo... sem Regresso.

O tempo... para sempre... sem a ver.






sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Na hora do adeus,

O adeus.
Duro. Real.

Sobre ti, o peso de uma terra..

Dentro de mim..
um pesado sentimento.
Saudade!

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Implosões crepusculares, sonante destruição.

Mais um...
um considerável número de meses!

Mais umas...
quantas horas gastas, queimadas. Cinza!

Tempos grandes, tempo acinzentado, tempos em que a chuva fervilha no alcatrão.
Tempo..........

Ao ser, ao meu ser, ao meu X.Y.U.
A mim!

Felicito-me!

Mais um ano....

By: Xyu

Mais um ano....!

domingo, 6 de janeiro de 2008

Testamento

Cheira-me a coisas passadas.
Não me importo de ficar por fora de tudo isto, tà visto, tudo aquilo onde andei ficou guardado.
Percorri caminhos perdidos, e vivi momentos magníficos. Agora deixo tudo para trás, sem medo da estrada a percorrer.
Podes ficar com os meus livros, mas por favor lê-os.
Deixo a minha musica por ouvir, aos curiosos que me prescrutam.
A minha insanidade fica aos que me julgam louco.
A minha sanidade fica guardada aos que me lêem.
Salto em busca do desconhecido, em direcção ao precipicio, não procuro nada além do desconhecido, falo ca escuridão só pelo prazer da curiosidade.

Deixo tudo com um prazer extenso.
Deixo tudo com prazer de ter tido.
Um abraço.
...e muitos beijos por dar.

Mitghefüll