sábado, 26 de dezembro de 2009

Ausência do que temos

Como digo a mim mesmo que adormeci?
Se olho em roda a tudo o que ambicionava, revejo tudo o que tenho sem sentir falta.
Se sonhava com um grande caderno moleskine onde escrever...
Sonhava...
Mas devido às intempéries da vida tive que lhe dar um uso, hoje, o que é feito do meu sonho?
Há um ano e talvez mais meio de outro, sofria por uma cama seca e quente, sem grandes exigências sonhava por um copo de água e uma sopa de ranço quente, uma qualquer papa.
Hoje certifiquei-me de apagar a lareira afastando as brasas já dormentes, de pantufas e um pesado robe aterrei na minha cama aconchegada por lençóis frescos e limpos.

Vou sonhar o quê?
Vou sofrer pelo quê?
Alguém? Alguma razão?
Se nem se pensa de sofrimento, não há necessidade de um qualquer desespero por sentir...agora um nada?

Às vezes tenho vontade de enforcar minha felicidade, ficar a seus pés a chorar em todo o sempre sua ausência.

A vida é feita para quem não tem...
Os não sofredores vivem, para que, quem sonha viva para sonhar.

A vida, a própria, é nascida para ser a antítese da felicidade aquando feliz.

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