quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Fardos a carregar no limbo

Que não se entende,
isso se entende.
Não há razão aparente sobre tudo o que nos habita.
Perdão!
Que me habita.
Vejamos...
Não há ser no total que se tenha em bruto sobre si....
Digamos...
Quem se tem a ele nesta vida ciente de si e todos os outros?
Compreenda...
Querendo ser eu, o eu, nunca o será, nunca me serei.
São fardos, fardos meu senhor, demasiado pesados sobre mim, afinal ainda que eu os tenha criado, são fardos a carregar nesta vida de excessiva mente desvalorizada em si.
Já lho disse...
"Tenho perfeita consciência de que não irei conseguir manter minha perfeita sanidade até ao fim da minha vida", breve vida?
Bem mais longa que a vivida...
Ra-ci-o-na-li-ze--mos então!
Observemos um objecto feliz, em si.
Sendo ele, ele o é, sem exceptuar nada ele é feliz, é algo fora do seu verdadeiro ser. Feliz não se metafísica, ou realiza sobre o que o rodeia, tem uma vida tão simples e triste que para nós...infelizes..bem.. é um feliz, pobre de mundo e rico de si com todas as mais variadíssimas coisas que a felicidade nos trás (amor, dinheiro, rotina, inconsciência...), as coisas que nos trazem a felicidade, mais conhecida por doce ignorância, vista pelos tristes e infelizes o sonho a alcançar.

Sim... Os tristes calejados que têm pena dos tristes e felizes ignorantes, eles davam o céu e a terra pela neblina que os despercebidos de vida vivem na felicidade.
No fundo do poço existem, na deprimida podridão humana, congelados no frio criado em seu coração, temperaturas depressivas que nem sempre os mantêm vivos. Eles anseiam na fria escuridão pela pequena e sumida luz que se desfoca nas lágrimas, o calor feliz da felicidade.

Este sonho assombroso por alcançar ensina aos tristes a verdade do que a vida é.
O frio existe para nos lembrar que estamos vivos.

Aquele ser feliz de que à pouco lhe falei vive, tão feliz e ignorante do sol que o banha como se de uma pedra se tratasse.
Os tristes infelizes observam este actor estupefactos de inveja, compaixão...
Pobre feliz... Nunca olhará aquela luz que dele reflecte, nunca irá dar valor ao ser triste que nos faz saber, saborear o existir.

É uma questão que ultrapassa o sentir, a própria metafísica de seres tu. É impossivel manter a sanidade na felicidade, ciente de perder o tremer de frio que lembra o calor.
Até que chega de novo neste vaivem a desilusão de perder o calor e nunca mais o sentir, já nem o lembras...
Somente dor e a não felicidade...

Percebes senhor o fardo que criei?
Talvez não.
Existem tantos por ai felizes.
Existem tantos por ai infelizes.
Uns vivem do calor e amor.
Uns vivem do frio e da dor.

Eu perco-me no frio de dor por não ter calor...
Sofro no amor pelo frio não ter.
Morto sem mente sendo feliz?
ou
Morto demente, triste infeliz?

Vivo no morrer cancerígeno que é ser eu.
Sonhando o sonho de querer sonhar,
sem nunca perguntar.
Vivo num labirinto sem fim.
Nem frio, nem quente.
Nem morno...
Muito menos morto.
Só...
Louco.




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