quarta-feira, 3 de março de 2010

O fado sobre o Rei

Sobre um reino de época medieval, existe um rei que espalha a ordem e as leis com uma disciplina severa, não porque haja somente a necessidade da ordem sobre o caos, mas tambem porque o seu desejo e saber de ter poder sobre a morte dos seus súbditos, na forca, esquartejados, empalados e até crucificados, lhe dá prazer.
Este rei, tinha fama de louco, era temido pelos inimigos e medrosos aliados, pelos sete cantos do mundo tinha no seu reino o maior respeito glorificado pelo terror.

Sendo este reino mantido pela sua ordem, o glorioso louco psicopata, padecia de um problema, a sua infertilidade impossibilitava-o de continuar a sua linhagem, sozinho de família, tendo morto todos os seus irmãos com medo de ser usurpado do poder, ele via-se num problema, pois sem descendente não seria possível manter a suas fronteiras, mantidas pelo medo, muito tempo após a sua morte.

Foi através dos seus conselheiros que soube da noticia de um velho ancião que residia a norte junto ás montanhas. Pelo que diziam tal velho era mestre das artes brancas e negras, após consultar os mais avançados médicos do seu tempo, não restava ao ditador solução melhor que mandar chamar este velho ancião aos seus frios aposentos.

Após uma cuidada discussão, o rei ficou a saber que a razão da sua desgraça era uma maldição resultante das suas impiedosas acções sobre os seus súbditos, a única forma de uma maldição com este peso do destino fosse levantada era o rei tornar-se bom.

Após longa meditação, o rei decidiu mandar chamar um homem que havia sido condenado por não pagar a metade da sua colheita ao rei.
Ao camponês de pobre instrução foi mostrada a seguinte opção:

-Tu, que sabes que sou conhecido por reinar de forma impiedosa, vou te dar a minha piedade, dou-te o meu poder sobre a tua vida, a opção de escolher a Vida ou a Morte, em cada uma das minhas mãos fechadas, está um papel dobrado, dentro de um está o teu fim, dentro do outro minha piedade.

Um camponês criado toda a vida sob o sol, não conhecendo algo mais que a desconfiança e sofrimento, ponderou rapidamente sobre a sua opção e escolheu uma mão.
Pegou no papel e sem o dobrar, atirou-o à fogueira face á cara de terror do rei.

-Então agora meu rei, mostre-me o que ficou na outra mão.

O rei impávido mostra na sua mão o papel onde se lia "MORTE".

Com tanta raiva por não conseguir enganar o destino e um simples camponês, o rei manda crucificar o pobre homem na praça central com a inscrição
"Oderint dum metuat"*
Accius - Suetonius Gaius 30

Sabendo do fim do seu legado após a sua morte, o rei continuou a sua loucura até ao fim dos seus dias. Após a morte, não tardou muito a que os outros fracos vizinhos invadissem o antigo reino do terror, ao chegarem à tumba do temido morto encontraram a inscrição.

"O destino foi criado por nós, nós somos o que criámos, nem nós podemos alterar o que de nós fizemos"


*"Que me odeiem, contanto que me temam."

N.A: Não sei a origem verdadeira da história, só a parte da escolha do súbdito foi-me contada por um cliente uma vez em conversa de ocasião, entretanto tenho procurado por tudo o que é sitio e pessoas esta história, não havendo registo em lado algum, decidi criar um pouco à minha mão a partir daquilo que me contaram.

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