domingo, 2 de maio de 2010

Tulipas



Não.
Já não sei o porquê, de em todo o lado me encontrar sem ver nada mais do que eu.
Embriagado de mim, sobre minha deturpada consciência, revejo-me sem mais nada do que sou, a todos os locais onde sempre fui, levei comigo uma lembrança tão antiga como meu sofrimento.
Revia uma tão triste e melancólica imagem num espaço tão lindo como uma montanha que devia ser só minha, na praia que deveria embalar-me no mar, no mar que é o Tejo hoje só vejo sua imensidão.
Em todo o lugar que me presenciei senti um luar tão constante e atormentador dentro de mim.
Hoje, apresento-me em crepúsculo numa manhã de domingo, sem relembrar o saudosismo da minha alma mais do que a mim me lembra o ser eu.
Hoje vejo o que o passado não era.
Se esquecemos o que vivemos?
e não é triste?
Sim, isso é conversa para outro dia.
Hoje?
Hoje sei que a saudade não entorpece a alma, ou desata ou ata o coração, hoje só sei que a saudade me lembra a leve lembrança de tulipas.
Hoje vou comprar Tulipas à minha mãe.
Só porque sei que são bonitas.

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