domingo, 19 de agosto de 2007

A Janela

A janela medieval encontrava-se entre duas escadarias, a luz do sol que passava entre o pó da janela, iluminava as escadas e o centro da sala pouco iluminado.
Eu descia, e tu subias, encontramo-nos ao fim de tanto tempo.
Tu cumprimentas-te me com um toque da tua face na minha, e um deslizar dos teus lábios entre a pequena linha que separa os meus lábios da minha cara, foi um toque subtil e arrepiante.
Olhámo-nos nos olhos, e ficámos ali parados sem dizer uma única palavra um ao outro. Queria-te ver bem, mesmo muito bem dentro desses olhos verdes, saber o que eras para não errar de novo. Desta vez poderia ser a ultima vez que te via, talvez fosse a ultima vez juntos, uma última oportunidade depois de tantas outras perdidas.
Tentei-te beijar, esquecendo as vergonhas e a vozes da minha cabeça (e se ela não quiser), simplesmente arrisquei a beijar-te.
Tu acompanhas-te me e os nossos lábios uniram-se, até que te afastas-te.
Dei um passo atrás e olhei-te enquanto estavas agora de costas para mim e olhavas o que seria a paisagem para lá da janela. Envolvi os meus braços nos teus ombros e beijei-te no ombro junto à alça desse teu vestido preferido. Ficámos assim calados durante horas talvez, mas pareceu um segundo.
Juntámo-nos na janela onde debruçados mal cabíamos, olhámos o vidro pintado de paisagem, e dissemos um ao outro, que agora era tarde demais.

Mitgheful

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