quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Felicidade

Ser feliz.
Lutamos por uma sensação de vida, buscamos nos outros o sentir de ser, o viver que em nós se transforma em nada querer, rejubilamos de lábios saciados, desejos realizados para uma vida de felicidade prolongada.
Despertamos de manhã com o soar da trovoada, vidraças molhadas e sorrimos a uma qualquer pessoa que passa por sermos felizes. Molhados, cheios de frio, trememos pelo amor e realizamos a vida por nós realizada, é um dia a dia completo, cheio, cumprido.
Iluminamos nós mesmos qualquer trovoada inconscientes do frio lá fora, atravessamos tempestades de aura radiante, deslizamos por entre a multidão cinzenta.
Vive-se.
Sente-se.
É um sorrir sincero, não forçamos a simpatia, dormimos tranquilamente sem pensamentos que nos perseguem, sentir, viver, sentir, não analisando a vida.
Decorre assim a vida, quando não feliz em busca do que é feliz.

Não tens saudades de ser triste?
De pensar, de discutir, sentir sufoco na tua loucura? Enveredar por labirintos, descobrindo esquina a esquina um pedaço de ti mesmo, criando mentalmente castelos de ideias, escrevendo rabiscos nos pensamentos sobre o fumo?
Não és feliz, mas tens todo o mundo perante ti! Todo o universo e a tua existência, vergam-se perante a tua mente que pedaço a pedaço disseca cada átomo no infinito.

Ser feliz no meio da multidão é só uma felicidade que atravessa sem se notar, todo o mundo é cinzento, e tu vives nele, feliz, ignorante se faça chuva ou faça sol, sentes sem notar, não reflectes sobre ti, ou a quem te é próximo.
A ignorância não é felicidade, mas sim a felicidade a ignorância?
A infelicidade a consciência do viver e querer, não consigo viver feliz acomodado sem sonhar.

Para a vida ser vida, tem de ter labirintos e sonhos distantes, porque é na dor que sentimos realmente conscientes do ser, o não pensar não é feliz, é adormecer.

Mas a dor, se doí, quem a quer?

Quem não quer viver para sempre sem a sua dor constante?
Passamos a vida a tentar libertar-nos do enorme peso, até que, de repente somos leves o suficiente para voar ao infinito... mas os sonhos?
Que sonhos vou ter se tenho o infinito?

Tenho saudades de ser infeliz, quero procurar a felicidade perdido em labirintos, aprendendo em mim mesmo minha loucura, tudo para ser feliz.
Quero ser infeliz e procurar a felicidade.

1 comentário:

Insane Little Jane (Não me apeteceu fazer login) disse...

"It's not until you lose everything that you are free to do anything"... Acredito bem mais neste principio, mas não deixa de ser um magnifico texto :)