domingo, 27 de fevereiro de 2011

Pobre do homem que se atropela perante si mesmo,
aquele a quem o que vive se transporta para alem do que é.
Triste aquele que de si para outros é um além do que já foi,
um ser que transborda o transparecer de outrem,
sem que seja de forma alguma aquilo que é,
que representa.
Que seja um e cada um de nós o que somos, o que não queremos ser, e o que desejamos ser,
tendo como a cada um o ponto mais alto, o querer do nosso sonhar,
o que pertence é um pertence maior de mim e vós que se perguntam o que representam tudo isto.
Não nos atropelemos perante vontades, que a vontade não é maior que o sonho,
respeite-se o sonho,
esse senhor de terras férteis,
senhor de pobreza incomensurável.

Se te atropelas e és mais teu que nosso,
vai-te mais longe do que a ti te encontras,
se algum dia nos vires,
verás que a vida é mais que teu ser.
Homem triste que não é mais do que o que foi.
Triste o que foi,
triste o que já nunca mais é o que era...
triste o homem que se revê num passado,
mais presente que este que se pretende.

Oh triste e ignóbil ser de feridas estancadas,
meu ingénuo ser inanimado do que é um amor,
esse amor perante a vida.
Triste és tu que não sonhas.
Triste és tu que foste,
e nunca o serás mais que o foi
resta-te a ti como a mim,
relembrar o triste fim do que foi para um,
triste e maior fim, prestes a alcançar.
Aquele ao qual somos invisiveis.
Tristes seres que somos perdidos.
Fiquemos,
tristes,
inseguros,
á espera,
do mundo que seja um dia nosso.
Porque um dia o foi.

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