domingo, 21 de dezembro de 2008

Crónicas de uma morte anunciada - II (Desaparecer)

Desaparecer por momentos, ganhar balanço abandonando a vida antiga para saltar e apreciar a felicidade, abraça-la disposto a não magoar a nova, cuidar da nova felicidade para todo o sempre com paciencia de santo e fazer a ela tambem feliz, nem que para isso tenha que fazer malabarismo com os meus demónios. Mas ao desaparecer por momentos, matam-me, e fico a meio do salto, sem encontrar nem felicidade nem abandono, perco-me na morte de tudo o que quis para todo o sempre da minha plenitude.
Não percebo o porquê de tudo isto.
Magoa não quereres a felicidade.
Magoa analisar o bom e o mau como se de objectos se tratassem.
Doí, doí demasiado.
Vivi pleno convencido que o mundo ia melhorar. E melhora só de um suspiro da tua lembrança, mas junto á memória caí a tua ausencia que derruba as paredes recém criadas do meu mundo.
Se não sair deste limbo prefiro viver sozinho para sempre e evitar tudo e todos.
É uma résquia para vagabundos isto que fica em pequenas ilhas de felicidade, e muitas ilhas cheias tristeza e confusões desnecessárias, uma vida perdida á partida, sem necessidade de viver.
Magoa, e dói, dói muito, nunca na vida senti tal dor, e acredita que senti muita dor ultimamente.
Que morra que não interessa, desaparecer verdadeiramente é triste, mas inevitavel, a acalmar esta dor latejante em todas as partes do meu corpo.
Dói dói dói, ver alguem a desistir da felicidade por entrecurvas teoricas de lógica e rétórica.
Dói ver que não queres o tudo que eu por ti dava, dói desistires na primeira curva, só porque dei balanço para te agarrar no teu mundo, abandonando o meu antigo, fugiste de mim, aterrorizada que te abraçasse.
A verdade é que fugiste de mim, so porque uma ultima vez recuava para dar o maior salto da minha vida, e te alcançar.
Dói demais saber que se tiver mesmo que desaparecer, desapareço de vez.
E tu sabes, o nosso abraço ainda que simples é ainda demasiado amor para um abraço.

Mitghefüll

1 comentário:

Ciciar disse...

Li este post e fiquei sem palavras... arrepiei-me de tão... tão real que o senti! E a ultima frase... excelente!!!