segunda-feira, 2 de março de 2009

Agora que não estamos juntos.



Dança comigo.

Oh como eu queria saber como dançar o tango, dançarmos nas sombras um com o outro na nudez da realidade.
A chuva a deslizar pelas nossas faces enquanto te olho fixamente e dançamos.

Vamos parar de dançar e fumar um cigarro.

Vamos olhar-nos através do fumo e ondular pelo seu espirito queimado do tabaco.
Olhar-te além dos olhos conseguindo a tua alma.
Beijar-te levemente no pescoço a arrepiar com um toque subtil todo o teu corpo até à ponta dos pés.
Teus pés de unhas pintadas a vermelho.
Dançar entre o som tremido que desliza pelo violino.
Ele chora para nós.

Dançamos por entre nossas cartas velhas, dançamos entre os nossos olhares atravessados pelo fumo da sala.
Nos quartos de luz amarela voltada para a parede, encontro sombras maiores que a mais impura das realidades.
Dançar por entre os contos de fadas.
Dançar por entre historias e amores.
Dança comigo agora.

Enquanto chove.

Eu rendo-me ao mundo de braços abertos, ao meu mundo sem ti, eu rendo-me ao meu tango solitário de fortes sons tristes.
Abraço a chuva como companhia.

Agora que não estamos juntos como nunca estivemos.
Danço.
Apreciando a sinceridade da chuva.
Só ela chora quando ninguém derrama.

Sento-me no telhado là bem alto, apreciando o meu por do sol chuvoso.
Porque aqui estou sozinho e aqui danço ao som do fumo.
Ao som da chuva.

Mitghefüll

2 comentários:

Eleanor Rigby disse...

e ainda assim... estão tão perto. O sentimento prende tanto como pregos.

Cátia Gusmão disse...

Muito giro =)