sábado, 18 de abril de 2009

As coisas não duram para sempre

Comprei uma maquina de café, que não é azul bébé.
Comprei para a minha mãe, porque ela adora fazer cuppocinos ao meu pai, mas fica frustrada por os fazer mal feitos, toda a maquina funciona, pena é não funcionar a peça de fazer a espuma, bebi descafeinados espectaculares que são optimos para beber depois de jantar na noite de véspera do trabalho.
A puta da maquina de espuma foi-se logo ao primeiro toque, puff...

Entretanto hoje cheguei do trabalho e fui directo á loja onde comprei a maquina, ciente de comprar um livro para mim, e até me lembrei de a minha mãe dizer em suspiros que adorava ter uma maquina de fazer pão para de manhãzinha ter um pãozinho ali todo espectacular para ela, então la fui, fui comprar uma maquina de fazer pão.

Comprei três farinhas diferentes, Rustico, Vitalis, Caseiro... Comprei frizes de groselha, comprei um livro sobre viajar com pouco dinheiro, e claro comprei a maquina de fazer pão.
Fui simpatico para todas as empregadas. Desejei um bom resto de trabalho a todas, que é sempre retribuido por um espectacular sorriso optimista.

E venho agora a pensar sobre tudo isso e como eu sozinho ás vezes gosto de andar...
Sozinho... Pensando, esturrando dinheiro e falando com estranhos.
Venho a pensar na imensidão de chuva que cái e não deixa ver um boi á frente, como os limpa vidros limpam o meu vidro uns bons milhares de vezes so nesta viagem, eu ligo a velocidade para o máximo e eles não se cansam... O motorzinho que faz aquilo mexer não se estraga nas centanas de vezes que nesta viagem trabalha... Tal como os nossos joelhos deviam ter um limite de dobragens, os meus sofreram milhares com muito peso e agora desatam a ganir quando me mostro forte a subir escadas sem aviso prévio.

E os limpa vidros não vão á vida.

Acendo um Lucky Strike, meu fumo predilecto, não muito forte, nem muito leve, e subitamente oiço um grito de riso a anunciar uma das minhas musicas preferidas que outrora partilhada por acaso com alguem especial num momento outrora especial onde eramos perfeitos imperfeitos perfeitamente alinhados no nosso tempo de infancia adolescente.

Os Gorilaz por fortes batidas começam a cantar e eu relembro o belo do bife de novilho que comprei e vou comer agora, a dar fortes baforadas de um belo lucky canto com eles Feel Good Inc.

Estou mesmo contente por oferecer uma maquina de pão á minha mãe, pois eu além de café também vou ter um pãozinho espectacular em casa... Para ler e beber café agora é tudo muito bom estar em casa...
E os limpa vidros em velocidade maxima não se cansam... vão limpando tudo e não partiram.
Se nada dura para sempre, os limpa vidros não se fartam?
É que tambem eu me farto de mim mesmo, como todos nos fartamos uns dos outros, tal como nos fartamos por vezes dos nossos pais ainda que sejam as pessoas a quem amamos mais no mundo. Também os amantes desconhecedores de tal verdade se amam demais e tambem eles se fartam um do outro por vezes, mas não o sabem.
Se nada dura para sempre fico curioso como é que os limpa vidros desde os milhares de kilometros que fiz ainda não deram o berro?
Faço uma curva na minha velocidade espectacular no meu carrinho muitas vezes catalogado pelo meu pai como "caixão voador" porque era o que lhes chamavam antigamente... carros leves e que andam depressa. Faço a curva na chuva até apanhar um pequeno lago no meio do alcatrão e o carro começa a derrapar...

Sei la ás vezes gosto de estar sozinho á espera de nada a fazer as minhas coisas a observar os estranhos... Estava na fila para pagar a minha maquina de pão e estava a espera de pagar, entretanto um casal aparece atras de mim e na hora da conta ele diz-me que ele é que estava á frente. Eu com a minha enorme paciencia de sozinho, reclamei num tom muito suave,e alegre "Tabém!", a namorada irritada com esta minha leve cedencia como se nada tivesse passado sentiu-se culpada pelo terrivel namorado e tentou-me arranjar uma caixa, onde houvesse multibanco, para la fui e demorei mais tempo... a menina disse que ia demorar... e eu disse muito reclamado..."tabem" suavemente, sem problema algum, eles la se foram embora e a namorada olhava para tras de forma culpada e irritada pelo namorado, amante adorado, mais que tudo, mas pedia desculpa, e eu não me importei, porque não tinha pressa... Estava ali todo contente divertindo-me sozinho sem pressa alguma a olhar tudo e todos.

O carro bateu numa daquelas luzinhas pequenas que vemos porradas de vezes na estrada de 40 a 40metros... Capotou, e com a inercia bati com os cornos no vidro do lado esquerdo que me abriu a cabeça toda, senti o sangue a jorrar e o carro ás cambalhotas... numa das voltas deu mais uma volta e senti no impacto o pescoço a partir cada nervo miudinho da minha espinha, a pouco e pouco senti a musica ainda a tocar muito devagar e como era bom aprecia-la assim.
Fiquei triste porque o cigarro me saiu da boca, mas o fumo ainda o mantinha... Senti me a morrer aos poucos, senti o coração a parar e o mundo a ficar mais devagar.
Fiquei contente por fumar o meu cigarro numa musica favorita, morri a chover ali sozinho lembrando-me de tudo e todos por onde passei.
Todo contente por não ter nada a perder.

Curiosamente nunca me fartei do meu cigarro aceso com calma, meu lucky strike não muito forte não muito leve, com um leve toque a tabaco torrado...
É tão bom...

O meu gosto de cigarro ainda dura para sempre.

Vitor Marques

1 comentário:

Eleanor Rigby disse...

Há coisas que duram para sempre...
Tem que durar...