sábado, 14 de novembro de 2009

Talentos Convidados - Como um sonho secreto

Chega o frio do inverno numa terra desabrigada por não possuir montes e vales altos o suficiente para que a gélida noite não nos queime o corpo...e a alma.

Aqui a noite guarda segredos como os que guardamos para nós por senti-los impossiveis, impensáveis ou mesmo impressionantes de tal forma que se tornam grandes, tão grandes que deixam de caber dentro do nosso pequeno ser! Então pensas 'solta-os, deixa-os sair para que te sintas mais leve, mais verdadeiro, menos mistreioso'. Assim se fez! Porque sim! E porque não?! Porque os pensas assim impossiveis ou impensáveis? Porque os vejo agora tão estupidamente impressionantes nas suas consequencias?

Quis apenas ajudar-te a soltar essa andorinha que veio na primavera, e que num inverno como este não conseguias soltar para deixá-la seguir o seu caminho. Conseguimos, todos juntos, que a libertasses...mas não que te esquecesses dela! Não se esquece uma andorinha que faz ninho na nossa janela...bem sei!

Deixo-me cair neste puff, branco como uma nuvem...essa nuvem que escondia o palácio encantado que me querias oferecer! Na tua voz construi o meu segredo em sonho.... antes disso não existia sonho e naquele momento deixou de ser meu o segredo.
Voamos juntos nessa nuvem, passeamos de mãos dadas nesse dia laranja de outono por entre muros e muralhas escondidas por musgo e heras verdes e humidas. Olhamo-nos nos olhos tão fundo que percebi...o segredo já não era meu! Estava entre nós dois e tu não o querias receber, era grande demais...tão grande como a distancia que nos separava, apesar de poder sentir-te tão perto sussurando ao meu ouvido 'boa noite' e deixando-me eu adormecer iluminada pela intensa luz do teu olhar!

O segredo ainda não voltou a mim, ainda o sinto entre nós...não sei até quando mas continuas teimosamente a segredar-me 'boa noite' e 'bons sonhos' sem aviso! Nesse momento posso sentir o espaço vazio que o segredo deixou no meu peito agora percorrido por este gélido vento de inverno!

Acendo o cigarro que não partilhamos e que aquece um pouco este corpo distante...

Devolve-me o meu segredo. Deixa-o voltar a mim, ou entrega-mo olhos nos olhos para que juntos possamos transformá-lo nesse sonho secreto!


Cinterela

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