sábado, 19 de março de 2011

Mude a sua vida em 7 anos

Se de noite a vontade de ser prolonga-se
de manhã a vontade é assustada.

Se ontem era raiva,
hoje o cansaço destroçado e usado pelas lágrimas que se empurravam
é hoje o desfalecer.

A dor gritava,
Antigamente a dor tinha um contorno simples,
era pautada pelo verdadeiro sofrimento,
hoje a dor sente-se como língua de farrapos.
Indiferente para si, para os outros, sem ópio
usa-se de si para tudo contornando o segredo das entrelinhas.

Talvez por o calo estragar o prazer de sofrer.

Os acordes são ocos.

Dias antigos eram dias, noites eram noites,
agora é jorna, sem descansar, sem tirar as botas, partimos para outra jorna.
Indiferentes.

Indiferente à dor que passa na rua, recosto-me na cadeira sem o deliciar da musica,
enrolo o cigarro, se a janela trás luz, se entra alguma...
Se a musica toca, se grita...
Indiferente fico.
Indiferente fumo.

Sei que um dia queria não pensar, não ter dor.
Hoje fico indiferente e fumo.

"E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto."
Tabacaria - Alvaro de campos

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