segunda-feira, 18 de abril de 2011

Outros dois

Olá?
Uma pessoa que não conheço cumprimenta-me.
Pelo que foi em tempos, revela-se um cumprimento de alguém que talvez me conheça, talvez eu a tenha conhecido...Um género de olá, dito e oferecido sem valor a alguém que não sabemos realmente quem seja.
As décadas foram rápidas a passar, e os anos passam como segundos em vida de quem vive o dia a dia e não olha para trás, os séculos tornam-se diariamente coisa passageira , as lembranças escapam-se por entre os dedos que mal fazem esforço por as agarrar.
A pessoa que me cumprimentou conhece-me tão bem como eu a conheço a ela, também ela sonda o seu passado e revela uma inexactidão sobre não saber quem foi.
Em demorado olhar entrelaçado, estes dois que aqui se encontram não choram,
pois não sentem saudades,
não sorriem,
pois não se reconhecem,
não se odeiam nem se amam,
pois já se esqueceram.

Eu retribuo um inocente olá, agora embaraçado tal como ela. Estrangeiros de nós mesmos, estamos é claro cientes e embaraçados de um dia nos termos conhecido, mas hoje, depois de tantos séculos passados ignoramos quem fomos, sem pena do que foi.
O embaraço foi simples,
e de ombros agora erguidos
corremos em seguida a rua
cada um para o seu lado esquecidos.

Não tem grande importância para estes dois.
Não se odeiam nem se amam,
são hoje outros estes dois.
Já se esqueceram.


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