quarta-feira, 13 de abril de 2011

sem mais folhas para escrever

Quantas vezes.
Quantas vezes pergunto,
quantas foram as oportunidades perdidas?
Outros que não eu?

Quantas vezes?
Te abriste a mim, para receber,
eu te arranhar e contar.
Escrever na tua pele os mais belos poemas,
tão longos e esquecidos, tão lúcidos e por si iludidos
(principalmente pelo esquecimento).
Companhia constante para mim,
que de presente não aceite, acabaste por ficar
a ouvir-me até ao fim.

Que será de ti depois?
Quando os folheados acabarem, as capas se rasgarem e os bichos as triturarem...
Que será dos versos, das lágrimas, das folhas arrancadas,
desenhos ou lembranças e as consultas privadas de psicólogo?
Que será quando eu já não souber o que fui, que escrevi e reli?

Serás, Velho Caderno uma linha solta no destino que tal como eu desaparecerá sem que alguém se importe ou faça caso de recoser.
Queimarás mais tarde ou cedo, como eu.
Ficarás esquecido, tanto como eu.
Mas não faz mal, as pessoas são linhas soltas que se perdem umas nas outras sem se importarem de onde os outros vêm e vão, o que importa é de si para si.
Consola-te. Deite vida.
Não tanta como tu a mim, é certo.
Mas agora que és vida, pessoa, ser, linha solta no destino, resta-te enfrentar os dias até ao fim.
Quando as folhas acabarem e fores fechado, tu selado serás perdido e esquecido.
Tal como as pessoas essas que têm vida serás esquecido.
Foi o meu presente para ti.
Tu que eras um presente que não era para mim.


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