quarta-feira, 13 de abril de 2011

Vergonha?

Tenho vergonha. Tenho mesmo vergonha.
Olho para trás e nestes anos o tão pouco que se passou fez-me rever o que fui num distante e enevoado de vergonha.
Talvez como será daqui a outros poucos anos.
Irei viver a vida em constante vergonha de mim?
Esquecendo-me e ignorando-me?
Deveria ser em constante crescendo, a evolução da vida para um dia não ter pena do que fui, mas ahhh, será só mais um delicioso e mórbido viver cada vez mais evoluído, todo ele um futuro, construindo e aperfeiçoando uma nova e melhor vergonha.
Vivemos para a vergonha, vindos da vergonha, olhamos para trás e gritamos sempre algo não diferente de isto:
"OH GLORIOSA vergonha que fui, que fiz o que não faço, que vestia o que não visto, que vivia o que não vivo, que era o que não sou."
Ah cérebro evoluído seu maroto assacanado, obrigas-me a esquecer para não ter vergonha?
Uma autodefesa de nós mesmos?
Pois envergonha-me o esquecer, não lembrar, não reviver enfurece-me, não recuperar tempos perdidos.
Para que procuramos em eterna demanda perdida nas mais antigas das velhas filosofias da Grécia antiga até aos modernos e aborrecidos dias de hoje, um tão alto significado tão nobre para essa gloriosa e épica Raizon d'être, se na verdade somos cães, gatos e porcos ou outros demais animais que sofrem a existência de se fazerem e desfazerem em questões?
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Mas de animais além da questão não somos mais do que bichos sedentos da sua refeição, do sexo alcançado, do verdadeiro prazer, de dormir em longas sestas e outras coisas mais, mas sempre com um certo medo de morrer!

Atrás de nós temos um esquecimento puro, já mais próximo arrastamos a velha e sempre presente conhecida vergonha, enquanto que enfardando no presente nossos sentidos afogados em orgias de prazer nos cegam o futuro.
Só não somos porcos e galinhas porque temos vergonha do ontem, não o somos porque nos perguntamos constantemente, Serei porco? Ou Galinha?
Somos humanos, porcos cheios de questões e cheios de vergonha.
Pois eu faço questão de ser porco, sem vergonha ou outras questões vinculadas.
Até porque ouvi dizer que tais animais têm orgasmos longos de quinze ou mais minutos.
Ah...
Aposto que amanhã ou para a semana vou ter vergonha de tudo isto.
Isto é, se não me tiver esquecido.

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