quarta-feira, 9 de maio de 2007

Á sombra de uma lágrima

Era uma tarde de julho, com o sol pelas 3 da tarde, não muito quente. Estava um belo dia e decidi passear pelo parque.
A brisa fresca com o calor de julho contrastavam formando um clima extremamente agradavel, o riso das crianças como som de fundo e a sombra das arvores criava um dia lindo.
Decidi sentar-me debaixo daquela arvore. Acendi um cigarro. E apreciei o que de belo tinha a vida neste dia.
Era uma tarde igualzinha á tarde onde trocamos os nossos adeus pela ultima vez. Selámos o nosso passado com um beijo do nosso velho amor e cada um seguiu a sua vida.
Esta estranha tarde quase perfeita trouxe me memórias que eu pensava ter guardado ja bem fundo.

Fechei os olhos e inspirei o fumo do cigarro. Sentia nesta combinação de sensações um cheiro ao passado, misturávamos o nosso perfume com o odor do cigarro e beijavamo-nos como se não existisse nada além de nós. Senti o teu perfume, não era só uma lembrança, esse perfume que uma vez te ofereci, envolvia-me os sentidos dava-me felicidade instantânea, tornava-me no homem mais feliz de sempre, ao fim de contas, era, ou é? Sim era uma lembrança, uma velha felicidade deixada para trás para nunca mais ser sentida.
Abri os olhos e vi-te ao fundo. Como podia ser,pensei. Passeavas pela relva de mão dada com uma criança que devia ter cerca de 3 a 4 anos, esse teu sorriso não te largava.

Passas-te por mim e reconheces-te me. Abraçamo-nos. O teu irmão sentou-se no chão divertido a brincar com a minha mala e os cadernos e livros que continha, depressa agarrou numa caneta e começou a riscar o primeiro caderno que encontrou. Ao abraçar-te pude sentir novamente esse teu perfume, esse perfume que não era só aquele que te dei, era aquele perfume teu que sempre existiu contigo, eras tu, eras o meu passado ali presente.

Trocámos olás, olhámo-nos nos olhos, e deixei de me sentir só existias tu. Os teus olhos mantinham-se, continuavam lindos, continuas na mesma, sempre foste linda, Estás melhor do que nunca, disse-te eu.
Esse teu brilho nos olhos... era o brilho que eu vi quando deixei de possuir a lua. Uma lua cheia no meio de esse lago fundo de castanho que sempre te escondeu.

Trocámos saudades, tocámos as nossas mãos uma na outra, sentimos o calor dos nossos corpos misturar-se ao toque, A tua pele continua suave!..., segredei-te eu junto ao ouvido.
Abraçámo-nos de novo e vi o sinal que tinhas junto ao pescoço, esse sinal que tantas vezes beijei e sempre te arrepiavas.

Olhamo-nos nos olhos e pude sentir a tua respiração quente que me refrescava a minha velha alma.

Beijámo-nos..., não foi de propósito, simplesmente aconteceu, esse velho passado que queriamos deixar para trás não era assim tão velho.
Tudo o que sempre fomos, tudo o que sempre fui e deixei de ser, voltou no instante em que os nossos lábios se tocaram. Teus lábios suaves emanavam esse calor forte que pensava ter perdido. Tinha voltado a ser eu mesmo. Tinha voltado a sentir o que jamais havia sentido. Esta era a tarde que tinhamos deixado para trás com um beijo de despedida, tu tinhas a tua vontade de ser tu, eu tinha a vontade de ser nós. Lembro-me de o teu irmão ser novo, tinha um inexperiente mês já vivido. Agora o teu irmão olha para nós enquanto nos abraçamos, consigo ouvi-lo a rir. Descolámos os lábios sentindo o que era nosso e olhamo-nos nos olhos, Era tão bom, disse eu. Tu olhás-te me nos olhos como tinhas olhado naquela tarde passada, levas-te o teu irmão beijas-te me na cara e foste caminhando com o teu irmão ao lado, deixei de te ver. Sais-te daquele jardim de Julho da mesma forma que tinhas saido naquela tarde á tanto tempo. Sentia o teu perfume que me envolvia sempre horas depois de me deixares. Conseguia sentir ainda o nosso velho amor nos meus lábios, conseguia sentir a tua respiração. Tinhas desaparecido mais uma vez.
Olhei as nuvens atordoado pelo que me tinha acontecido...
Voltas-te passado pouco tempo.
Trazias de novo o teu irmão já acompanhado por um gelado que se espalhava nele.
Segredas-te me ao ouvido sorrindo, Amo-te.
Sorri.
Perfeita esta tarde, esta brisa, este calor, esta sombra, a relva, as crianças a rir no parque, o repucho de água que nos refrescava só pelo seu som.
Nós juntos, esta tarde era perfeita.

Uma lágrima escorreu pela minha face abaixo.

Senti o sabor a salgado nos meus lábios.
Abri os olhos. Tu não estavas lá, sentia uma lágrima nos meus lábios, olhei em volta, só ouvia as crianças, o repucho, a brisa, e a tua ausência.
Tinha deixado o cigarro queimar sozinho.
Não estavas lá.
Tinha sonhado.
Quem ali estava era eu com a tua lembrança.
Como estarias tu? Com quem estarias? O teu irmão seria como no sonho?
Aquela tarde era igual á velha tarde em que nos despedimos, só que nao estavas lá.

Levantei-me, sacodi a relva, esfreguei os olhos. Acendi um cigarro e olhei em volta.
-Mas que belo sonho, nesta bela tarde.
Fui-me embora daquele velho jardim.
Estava atrasado para a minha vida.

....
Como os meus posts tão cada vez mais a perder o nivel...
Fico-me em standby até acordar um dia destes com uma ideia de jeito.
Por agr fica este texto velhote

Mitgefühl

3 comentários:

Eleanor Rigby disse...

os teus posts estão a perder qualidade?: |
discordo a 100% mas tu e que sabes!
eu gostei muito.

ha memorias bem mais reais do que o proprio presente. bem o sei, bem o sinto!


*

Ana Margarida Cinza disse...

já sabes a minha opinião sobre este texto...mas nao podia deixar de te dizer que adorei voltar a rele-lo!

e n, n tas a perder qualidade ;)

beijinho, shaved hair xD ehehe

João disse...

mesmo que antigo, estás de parabéns... bela parelha que aqui se formou, e tudo por minha causa, estou orgulhoso...

abraço